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terça-feira, 13 de janeiro de 2009
''Temos direito a nos defender''
Tzipi Livni: Chanceler israelense; em entrevista , Tzipi diz que conflito na região não é mais entre árabes e judeus, e sim entre moderados e extremistas
Lally Weymouth, The Washington Post
Como a senhora responde à pressão da comunidade internacional no sentido de um cessar-fogo entre palestinos e israelenses?
-Não gosto do termo "cessar-fogo" porque parece um acordo entre duas partes legítimas. Este não é um conflito entre dois Estados, mas uma luta contra o terror. Precisamos combater na Faixa de Gaza porque eles (o grupo islâmico Hamas) há oito anos mantêm Israel como alvo. Nossa luta é para enfraquecê-los e também para afetar sua capacidade de atacar Israel no futuro.
-Para isso, os egípcios não precisam exercer um controle mais rigoroso da fronteira?
Sim, existem três parâmetros. Um envolve os mísseis que vêm do Irã. O outro é o próprio Egito e o terceiro é a fronteira entre Gaza e o Egito.
A ideia é que o Egito agora assuma um papel mais ativo para impedir o contrabando?
-Isso tem de ser refreado por Israel ou qualquer outro governo. Em seis meses, o Hamas mudou o alcance de seus mísseis de 20 para 50 quilômetros. E agora ameaça um milhão de israelenses. Costuma-se dizer que é apenas a parte sul de Israel, mas agora áreas no centro de Israel estão sendo ameaçadas. Precisamos dar um resposta ao rearmamento deles.
A senhora acha que essa operação vai durar quanto tempo?
-Depende. Em primeiro lugar, necessitamos saber se eles entenderam que Israel não é mais um Estado que podem atacar e, ao mesmo tempo, esperar que nossa reação seja moderada. Israel vai se defender.
Foi uma decisão difícil enviar forças por terra para Gaza?
-Sim, foi uma decisão bastante difícil, mas agora parece ter sido boa.
A senhora teme que o Hamas clame vitória como ocorreu com Hassan Nasrallah (líder do Hezbollah), no Líbano?
-Até mesmo Nasrallah afirmou depois da guerra no Líbano que, se soubesse que era isso que iríamos fazer... acho que muitos deles têm o mesmo sentimento depois de alguns dias de guerra.
Israel pensa em interromper a operação?
-Diariamente. Nossa intenção não é reocupar a Faixa de Gaza. No entanto, precisamos saber que atingimos nossos objetivos.
A senhora acredita que os combates já terão cessado quando o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, assumir o cargo?
-Quanto mais curto for esse período de combates, melhor para nós. Mas no final, é uma guerra em curso contra o terror. Não pedimos à comunidade internacional para combater conosco. Só pedimos compreensão e tempo.
-A pressão sobre Israel pela comunidade internacional para um cessar-fogo fortalece o Hamas?
A estratégia do Hamas é a resistência e a sobrevivência. Enquanto sobrevivem, é uma vitória. Quando sabem que a comunidade internacional está pressionando Israel podem respirar e tomar fôlego, esperando que Israel será freado pela comunidade internacional. É uma pena.
A senhora é favor de um grupo de monitoramento internacional para ajudar a controlar as fronteiras - especialmente a fronteira da Faixa de Gaza com o Egito?
-Não sou contra a participação da comunidade internacional, mas isso não substitui nossa necessidade de combater o terrorismo. E, às vezes, quando você tem forças monitorando dentro um lugar, fica mais difícil nos defendermos, pois a última coisa que desejamos é matar as pessoas por engano. Israel não se mostrará comedido.
A senhora acredita que o governo de Barack Obama vai apoiar Israel da mesma maneira que a administração de George W. Bush?
-Acredito que os Estados Unidos e Israel compartilham não só os mesmos valores e interesses, mas a mesma compreensão.
A senhora acredita que tem o apoio dos árabes moderados?
-Não desejo causar embaraço a ninguém, mas sei que represento os interesses deles também. Não é mais um conflito entre palestinos e israelenses ou entre árabes e judeus, mas um conflito entre moderados e extremistas. É assim que esta região está dividida hoje.
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