Como não devorar esses dias, (consciência de mim), se ao nascerem em mim, em mim se devoram?
Antes saber guardá-las, colher o que nunca se sabe ou se adivinha.
Debruçam-se em gritos esses janeiros, os sonhos maiores do que Andaluzia.
Pois aqui, nesta paisagem fria, debatem-se os medos, mistérios incorporados a outros dias.
Melhor sonhar com amores imaginados como se é preciso. Pois livres estão os touros, os mouros a se matar pelas favelas.
Talham-se corpos a ponta de faca, as bocas secas apagam as flores azuis dos muros. Os pássaros ficam à espera de que nunca anoiteça e vagam doídos pelas ruínas.
Nunca se sabe dos passos dessas noites, se não se vêem as portas abertas dos dias. Difícil fechar o mar, espesso modo de agonia.
Miguel Jorge Nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, tendo se estabelecido, ainda criança,em Goiânia-GO. Formado em Farmácia e Bioquímica pela UFMG, Direito e Letras Vernáculas pela UFG e Literatura Brasileira e Goiana pela UCG. Possui obra numerosa e eclética, que vai do romance à dramaturgia, da poesia ao roteiro de cinema.
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