O excesso de chuvas e a alta do preço dos insumos fizeram o tomate terminar o ano nas prateleiras dos supermercados com o dobro do preço pelo qual era vendido em janeiro.
Muito sensível às variações climáticas, o produto subiu 108,32% no ano para o consumidor final, pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Fundação Getulio Vargas (FGV) apontou alta ainda maior, de 110,47% no período. Em 2008, o indicador oficial de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), terminou o ano com alta de 5,9%.
"O principal motivo da alta do tomate este ano foi a condição climática adversa, com muita chuva", explica o economista da Central de Abastecimento de São Paulo (Ceagesp), Flávio Godas.
"Ele é um produto bastante sensível. A água tem que ser controlada, em horários e quantidades adequadas. Então, a chuva nem sempre é boa", aponta.
José Luis Batista, que produz tomate em diversas regiões do país, estima que as chuvas de granizo tenham provocado a perda de 30% da produção no ano. No último trimestre, as perdas subiram a 40%. "A minha estimativa é que em torno de 5 milhões de pés de tomate pegaram chuva de granizo", avalia.
Com a oferta reduzida, os preços sofreram. "Com essa chuva, quando era para recuar o preço para fazer um equilíbrio, uma situação parecida com os anos anteriores, isso não ocorreu. Então, essa diminuição da oferta em função de chuvas fez com que o preço se mantivesse elevado durante todo o ano", explica Godas.
Mais alimentos
A alta do tomate não foi a única entre os alimentos, mas foi a mais expressiva, segundo os especialistas.
Na Ceagesp, também mostraram altas significativas no atacado a ervilha torta (35%), a vagem (34%) e o pepino japonês (15,7%), por exemplo. "Mas são produtos sem representatividade", aponta Godas.
"E teve produtos que caíram. A batata por exemplo, caiu 20%, porque o volume de produção subiu. A uva caiu 15%, a carambola 30%, a alface 40%, teve queda praticamente o ano todo", exemplifica o economista da Ceagesp.
Custos ao produtor
Preço em alta geralmente é boa notícia para o produtor. Este ano, no entanto, não foi simples assim. O custo de produção também sofreu forte elevação, acompanhando a alta do petróleo, dos adubos e fertilizantes.
"Em 2008, os defensivos tiveram alta, o adubo dobrou de preço. Também tivemos a concorrência de mão-de-obra do Brasil, que foi mais aproveitada na construção civil, nas outras culturas que cresceram", justifica Batista.
Essa alta de custos de produção reduziu ainda mais a oferta do produto: sem capital suficiente, os produtores reduziram a área de cultivo. "Acabou não sendo um ano bom, porque teve redução de área plantada, então colhe menos. Em torno de 30% dos produtores não se mantiveram na atividade", avalia o produtor.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, as lavouras de inverno registraram uma alta média de 25% no custo de produção. Já a produtividade da cultura caiu em média 12% em 2008.
Muita variação
Por ser um produto muito sensível, o tomate historicamente sofre oscilações de preço muito bruscas, segundo os especialistas. De acordo com Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea, o comportamento não foi diferente este ano. "O que aconteceu é que no inverno o pico dele de alta foi muito elevado", disse.
Fonte e foto:Portal G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário