domingo, 8 de março de 2009

Sustos de hoje em dia.

Lucia Hippolito
Acabo de passar por uma situação esquisita, mas infelizmente cada dia mais comum nas grandes cidades, como Rio, São Paulo, talvez Salvador e Belo Horizonte.
Amigos meus, como o jornalista Zuenir Ventura, já passaram pelo mesmo desconforto. Zuenir até publicou uma crônica a respeito.
Decidi partilhar com vocês porque, sei lá, pode ajudar num momento de aperto.
Era ali por volta de 18.15h. Estava sentada à frente do computador, escrevendo no blog e procurando me inteirar das últimas notícias, quando toca o telefone.
Estranhei, porque ainda era cedo para o telefonema do Fernando Gallo, produtor do Jornal da CBN 2ª edição, que me telefona diariamente às 18,30h, para eu fazer o comentário.
Desta vez, era uma ligação a cobrar. Aceitei, porque poderia ser um sobrinho sem dinheiro, que tivesse esquecido o celular (já aconteceu). Enfim, atendi.
Uma voz feminina, jovem, chorava muito. E dizia: "Mãe, mãe, fui assaltada. Mãe, me ajuda..."
Como não tenho filha, decidi dar corda. "O que houve? Onde você está?"
(Em tempo. Meus netos são filhos dos filhos do meu marido.)
Resposta: "Não sei, estou perto de uma favela. Mas eles dizem que vão me matar."
Perguntei: "Quem vai te matar?" E ela: "Eles vão falar com você". Isto tudo, chorando muito. Chegava a soluçar.
Aí vem uma voz masculina, brava, voz "de bandido de filme". Passou-se o seguinte diálogo:
Ele: "Fica calma. Mas não avisa a polícia senão ela morre. Se você colaborar ela se safa."
Eu: "Ela, quem?"
Ele: "Sua filha."
E eu: "Moço, acho que o senhor discou um número errado. Não tenho filha."
E ele, espantadíssimo: "Não?!"
Eu, novamente: "Não. Nem filha nem filho. O senhor discou um número errado."
E ele: "Então, tá." E desligou.
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E agora? E se eu tivesse uma filha? Fico imaginando a aflição de milhões de pais e mães que são vítimas dessas tentativas de extorsão todos os dias.
Existem aqueles que caem nesse macabro conto do vigário, existem os que passam mal (um conhecido meu enfartou, e nem era a filha dele).
Depois de tudo, fica uma desconfortável sensação de vulnerabilidade. Será que ele discou um número qualquer? Será que ele queria telefonar para a minha casa? Será que ele queria realmente me assustar?
Não sei, mas sei que, mesmo não tendo filha, a sensação não é boa. Muito ao contrário.

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