terça-feira, 10 de março de 2009

À mesa com Protógenes Queiroz.

Segunda-feira (9), deixei a redação do Diário de Pernambuco lá pelas 22h30. Fui encontrar meus amigos do Acerto de Contas na Rua da Hora, região central do Recife.
Eles jantavam com seus convidados para aquele debate sobre corrupção na Universidade Federal de Pernambuco: o delegado Protógenes Queiroz e o jornalista Paulo Henrique Amorim.
Me estimulava conhecer aquelas duas figuras interessantes, principalmente o polêmico delegado, envolvido (ou será surfando? Ou tragado?) em mais uma onda provocada pela Operação Satiagraha.
Em torno da mesa, alguns poucos, entre eles, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho (ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, na gestão Fernando Lyra, governo Sarney) e a esposa, Lectícia Cavalcanti, cujos textos sobre a culinária brasileira saboreio há uns bons anos.
Mas vamos ao que interessa. Entre uma beliscada e outra, quis saber logo do delegado:
“Não entendi os seus elogios a Lula e a Dilma Rousseff? Por quê? Que mensagem é aquela?”
Protógenes havia falado de Dilma, negando ter investigado a vida privada da ministra, como afirma a Veja:
“Ninguém fez mais do que essa mulher, do que essa autoridade, do que essa senhora”.
E de Lula:
“O presidente que mais trabalhou neste país. E tentam achincalhá-lo aqui, numa revista que não tem credibilidade nenhuma. Não se pode fazer isso com um presidente da República”.
Pois insisti na minha pergunta, fiquei realmente curioso com as frases acima. Protógenes, com uma cara singela, aparentemente tranquilo, ao lado da mulher e do sonolento filho de oito anos:
“É verdade, é verdade. Acho aquilo mesmo dos dois”.
E daí seguiu puxado por outras perguntas e respostas, sempre num tom e com frases de um justiceiro, de alguém ungido com a missão de combater corruptos e criminosos em geral.
Cinco minutos depois, lá está ele disparando coisas completamente diferentes, do tipo:
“Mas o Brasil avançaria 100 anos de fizesse o impeachment do presidente Lula. Seria importante isso. Veja como avançamos depois do impeachment de Collor. Logo depois elegemos um operário presidente da República”.
Esse é o Protógenes que está no foco de uma nova crise envolvendo algumas das figuras mais importantes da República?
O próprio.
Já havia ficado surpreso com alguns comentários dele sobre, por exemplo, se fosse eleito presidente mandaria os corruptos para fora do Brasil, com famílias e tudo mais, sem dinheiro. Mas, até falar do impeachment de Lula, tratava algumas frases e declarações como comentários tolos, sem reflexão, soltos entre um drique e outro.
Mais cedo, em outras conversas ao longo do jantar, o delegado havia também destilado alguns ódios contra a Veja, que o acusa de todo tipo de espionagem ilegal; contra o banqueiro Daniel Dantas, sua principal vítima na Satiagraha; e contra outros personagens mais modestos.
Entre os últimos, um deles é o deputado federal Raul Jungmann, presidente do PPS de Pernambuco:
“Vou vir fazer campanha (eleitoral) contra esse sujeito, é um bandido!!” Protógenes diz que Jungmann recebeu ajuda de Daniel Dantas para se eleger e está à serviço do banqueiro.
Deixei o restaurante algumas horas depois com a impressão de que deveria ter acompanhado mais o papo de Paulo Henrique Amorim e José Paulo Cavalcanti. Era mais normal, mais saudável.

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