Entrou oxigênio puro na campanha eleitoral de 2010. A novidade se chama Marina Silva. A senadora petista e ex-ministra do Meio Ambiente está de mudança para o pequeno Partido Verde, que pretende lançá-la candidata ao Palácio do Planalto. Marina só vai anunciar sua decisão de entrar no PV em uma semana ou duas, e as convenções partidárias para confirmar candidaturas só acontecerão em junho do ano que vem. Mas a simples hipótese de existir uma candidata chamada Marina já abalou os fundamentos de uma disputa eleitoral que caminhava para ser um modorrento plebiscito entre a candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff (PT), e o principal nome da oposição, o governador paulista, José Serra (PSDB). “A utopia precisa continuar”, disse Marina a ÉPOCA. É um gesto que está, a esta altura, no limite daquilo que ela pode afirmar para dar um sinal de que está disposta a aceitar o convite do PV. O vento novo de Marina fez subir também o balão do ex-ministro Ciro Gomes (PSB), que retomou seu projeto de candidatura presidencial. Tudo somado, as chances de uma disputa embolada até o segundo turno passaram a ser reais. Época – Já tomou sua decisão ? Marina Silva – Tenho vivido três momentos. O primeiro é sair ou não sair do PT, uma relação de 30 anos. O segundo, decidir sobre o convite à filiação ao PV. E, num terceiro momento, uma candidatura à Presidência. O modelo original do PV foram os partidos verdes europeus. Nesses países, as questões essenciais foram atendidas e fez-se uma luta de defesa do verde nos termos clássicos. Hoje, o principal desafio deles é a sustentabilidade. É preciso buscar uma ressignificação do PV, universal, em função da crise climática, sem deixar de dar respostas em todos os setores: economia, agricultura, energia, infraestrutura, ciência e inovação tecnológica.Época – A mudança do PV o aproximaria de sua trajetória pessoal? Marina Silva – Exatamente. Em função do que eles estão propondo, me interessou ouvi-los. Quero fazer uma discussão de conteúdo programático. Nenhum partido conseguirá homogeneizar a sociedade, mas acho que eles dão uma contribuição importante. A sociedade é diversa, multicêntrica, e é assim que os partidos têm de aprender a interagir. A falta dessa interação faz com que a gente esteja na crise política de hoje.Época – Sua carta de demissão elogia a política ambiental do governo Lula. Marina – Na carta, eu agradeço ao presidente Lula e digo que, enquanto encontrava apoio político para as questões estruturantes, eu permaneci. Como não encontrava mais condições políticas para essa agenda, saí. Houve avanços, mas o desafio é gigantesco. Estou sendo coerente com a carta.Época – Sua relação com o presidente Lula ficou trincada? Marina – A relação não precisa trincar para que seja refeita. O presidente Lula é um realizador de utopias, não mais um mantenedor de utopias. A utopia deve continuar. *Leia mais na Revista Época desta semana, nas bancas.
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