O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu nesta segunda-feira, 13, a ocorrência de disputas entre o Executivo, o Congresso e o Judiciário. Segundo Lula, essas divergências são normais, pois fazem parte do processo de consolidação da democracia do País. "Ninguém aqui é freira, e nós não estamos em um convento", afirmou o presidente durante cerimônia de lançamento do 2º Pacto Republicano de Estado. "E não me consta na história que num convento também não tem briga", acrescentou, arrancando risadas da platéia.O pacto, assinado pelos chefes dos Três Poderes, tem o objetivo de aumentar o acesso da população à Justiça, acelerar julgamentos de conflitos de massa, como a discussão sobre a cobrança da tarifa básica da telefonia, e dar mais agilidade à investigação criminal e ao processo penal."O que nós precisamos é perder o medo de mudar", disse o presidente. "Afinal de contas, médico e Justiça ninguém precisa em tempos bons. Só precisa em tempos maus", acrescentou. Participaram também do evento os presidentes do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP).
Comento:Pois é. Não existe política entre santos, mas existe entre as putas, já se escreveu aqui neste blog. De fato, ninguém espera dos políticos que sejam santos, mas também é preciso tomar cuidado para que não se ache o ambiente do lupanar uma espécie de norte moral.Digam o que disserem sobre a sinceridade de Lula, sua espontaneidade, seu jeito, digamos, muito “gente como a gente de dizer as coisas”, a verdade é que é essencialmente indecoroso o chefe do Poder Executivo declarar, diante dos demais representantes dos Poderes da República, o “ninguém aqui é freira”. O que isso quer dizer?Se querem saber se isso é normal, aceitável, pensem no presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a dar uma declaração como essa diante dos presidentes do Senado e da Câmara e de um representante da Suprema Corte; pensem em qualquer dos líderes europeus a afirmar a mesma coisa. Obama e os outros seriam esmagados pela imprensa de seus respectivos países. Porque Isso corresponde à admissão de métodos nada ortodoxos como rotina no exercício do poder.E não existem mesmo os tais métodos? Lula está apenas admitindo o óbvio?. Existem, sim. Mas têm de ser permanentemente coibidos. A um chefe de Poder não compete esse exercício de realismo. Porque tanto realismo, no posto em que ele está, corresponde a um sinal verde para a bandalheira. Quem não entende isso não entende, de fato, coisa nenhuma. Lula está dizendo que devemos ser condescendentes com a mulher de César e que é um exagero moralista exigir dela que seja honesta e que pareça honesta também.O PT se construiu como “o partido da ética na política”. Nunca acreditei nessa porcaria retórica, nem lá nos primórdios da legenda, ainda contaminado pela esquerdite. Mas um monte de gente acreditou e ainda acredita. Lula está declarando o seu solene “nunca foi santa”. Mas o faz à sua maneira: “Nunca fui, e ninguém é. Logo, estamos todos em casa”.
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