A estudante Tatiana Oliveira, de 22 anos, que ingressou neste ano no curso de pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) por meio de programa de vagas destinadas a afrodescendentes, teve sua matrícula cancelada na semana passada, um mês após o início das aulas. Uma comissão da universidade deu um parecer de que ela não preenche as condições exigidas pelo programa de cotas. “Fiz o que o edital pedia: uma declaração de próprio punho de que sou descendente de afrobrasileiro. Eu sou parda. Não agi de má-fé”, afirma ela, cuja mãe é branca e o pai, pardo. Marli Dalchum, advogada da estudante, diz que na próxima terça-feira (14) vai ingressar com ação na Justiça Federal, com pedido de liminar, para que Tatiana retorne imediatamente a assistir aulas na UFSM.De acordo com o pró-reitor de graduação da universidade, Jorge Luiz da Cunha, todas as matrículas feitas por meio dos programas de cotas são revisadas com cuidado. No caso das 220 vagas (11% do total oferecido no vestibular) para afrobrasileiros, o estudante é submetido a uma entrevista, com a presença de representantes de movimentos negros, em que são feitas três perguntas: se ele se considera afrobrasileiro; se já foi discriminado por pertencer a esse grupo e em que outras vezes o estudante se reconheceu como preto ou pardo. De acordo com Tatiana, o parecer diz que “a candidata se autodeclarou parda sem, entretanto, saber explicar o porquê de tal declaração, reconhecendo-se mais clara que alguns de seus colegas e familiares”. Segundo o pró-reitor de graduação da UFSM, na entrevista, a estudante afirmou que a primeira vez que ela se reconheceu como parda foi no vestibular. Tatiana também relatou nunca ter sofrido preconceito relacionado à sua cor.“Não é uma questão genealógica. (A vaga) é para afrobrasileiro, para aqueles que se consideram discriminados ou têm dificuldade de acesso à escola”, diz Jorge Cunha, acrescentando que, neste ano, 22 matrículas dos programas de cotas, para estudantes de escola pública, deficientes e afrodescendentes, foram canceladas.A advogada de Tatiana rebate: “Ela reside numa das vilas mais pobres de Santa Maria, a mãe dela está desempregada. Ela não apresenta condições socioeconômicas. A avó dela é descendente de escravos”. Tatiana tem esperanças de reaver a vaga. “Vamos entrar com a liminar na Justiça o quanto antes porque estou perdendo aula”, lamentou a estudante.
Um comentário:
No meu entender, deveriam acabar estas vagas para negros, etc e no lugar abrir vagas para quem é pobre...pois para negros, é uma espécie de preconceito, aliás, é preconceito puro, no meu entender é claro!!!Senão como será??o brasileiro geralmente é pardo, seria impossível!!!
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