Na última semana, analisei trechos do material encontrado no computador de Protógenes Queiroz e encaminhado à CPI dos Grampos. Um documento, em particular, tem de ser mais debatido: o relatório no qual os agentes engajados pela PF comentam, com linguagem rasteira, os boatos sobre os relacionamentos amorosos de Dilma Rousseff. Numa homenagem a Protógenes Queiroz, que sempre manifestou um interesse especial pela cultura indiana, chamei esse relatório de Kama Sutra da Satiagraha.
O Kama Sutra da Satiagraha tem como protagonistas Dilma Rousseff e outros dois nomes: o primeiro, como mencionei em minha coluna, é Valter Cardeal, diretor da Eletrobras. Em 2007, depois de ter sido nomeado presidente da empresa, ele foi grampeado pela PF e denunciado por envolvimento com o esquema de propinas da empreiteira Gautama. O segundo nome eu prefiro manter em respeitoso sigilo porque ele, Silas Rondeau - Epa! -, nunca precisou da ministra para fazer carreira, já que é visceralmente ligado ao grupo de José Sarney. O que importa, em seu caso, é o seguinte: na Operação Navalha, ele também foi acusado pela PF de envolvimento com o esquema de propinas da Gautama.
Na primeira reportagem de VEJA sobre o conteúdo do computador de Protógenes Queiroz foi reproduzida uma passagem escandalosa que, estupidamente, acabou sendo ignorada na cobertura da imprensa. Ela diz: "Para cada tonelada de álcool, é pago US$ 1,5 para o Silas. O Zeca é dono da Dilma. Na estatal, ganham Sarney, Romero Jucá, Renan e Barbalho". Interpretando: Silas só pode ser Silas Rondeau. Quem é que lhe paga um dólar e meio? Alguém já perguntou a Protógenes Queiroz? O que significa aquela frase sobre Zeca, ou Zeca Diabo, ou José Dirceu, ser dono da Dilma? Que estatal é essa que gratifica José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros e Jader Barbalho? Na CPI dos Grampos, Protógenes Queiroz tem de ser esmagado contra a parede até responder essas perguntas.
Quando VEJA publicou sua reportagem, Protógenes Queiroz alegou que, em seu computador, havia apenas fragmentos da Satiagraha. Mentira. Os trechos envolvendo Dilma Rousseff, Valter Cardeal, Silas Rondeau e todos os outros referem-se claramente ao setor de energia. A suspeita é que a PF tenha um aparato de espionagem que passa dados sigilosos de um inquérito para o outro, sem o menor controle da autoridade judiciária. Dessa maneira, o conteúdo de um grampo realizado para a Operação Navalha pode ser repassado clandestinamente para a Operação Boi Barrica ou para a Operação Satiagraha. Os delegados que fazem parte desse aparato tornam-se proprietários de notícias valiosas, que podem ser usadas contra quem lhes interessa. Por isso as operações da PF fazem tanto barulho, mas raramente resultam em condenações. O que interessa, no caso, é a posse da informação, e não a informação em si. O perigo é um só: que a informação se transforme em matéria-prima para achaques.
À primeira vista, o Kama Sutra da Satiagraha é somente uma bizarrice repugnante. Mas ele pode ajudar a esclarecer como alguns agentes da PF garantiram a impunidade a um bocado de gente associada ao governo. Basta descobrir o que Protógenes Queiroz pretendia obter com aquele "dólar e meio pago para o Silas".
O Kama Sutra da Satiagraha tem como protagonistas Dilma Rousseff e outros dois nomes: o primeiro, como mencionei em minha coluna, é Valter Cardeal, diretor da Eletrobras. Em 2007, depois de ter sido nomeado presidente da empresa, ele foi grampeado pela PF e denunciado por envolvimento com o esquema de propinas da empreiteira Gautama. O segundo nome eu prefiro manter em respeitoso sigilo porque ele, Silas Rondeau - Epa! -, nunca precisou da ministra para fazer carreira, já que é visceralmente ligado ao grupo de José Sarney. O que importa, em seu caso, é o seguinte: na Operação Navalha, ele também foi acusado pela PF de envolvimento com o esquema de propinas da Gautama.
Na primeira reportagem de VEJA sobre o conteúdo do computador de Protógenes Queiroz foi reproduzida uma passagem escandalosa que, estupidamente, acabou sendo ignorada na cobertura da imprensa. Ela diz: "Para cada tonelada de álcool, é pago US$ 1,5 para o Silas. O Zeca é dono da Dilma. Na estatal, ganham Sarney, Romero Jucá, Renan e Barbalho". Interpretando: Silas só pode ser Silas Rondeau. Quem é que lhe paga um dólar e meio? Alguém já perguntou a Protógenes Queiroz? O que significa aquela frase sobre Zeca, ou Zeca Diabo, ou José Dirceu, ser dono da Dilma? Que estatal é essa que gratifica José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros e Jader Barbalho? Na CPI dos Grampos, Protógenes Queiroz tem de ser esmagado contra a parede até responder essas perguntas.
Quando VEJA publicou sua reportagem, Protógenes Queiroz alegou que, em seu computador, havia apenas fragmentos da Satiagraha. Mentira. Os trechos envolvendo Dilma Rousseff, Valter Cardeal, Silas Rondeau e todos os outros referem-se claramente ao setor de energia. A suspeita é que a PF tenha um aparato de espionagem que passa dados sigilosos de um inquérito para o outro, sem o menor controle da autoridade judiciária. Dessa maneira, o conteúdo de um grampo realizado para a Operação Navalha pode ser repassado clandestinamente para a Operação Boi Barrica ou para a Operação Satiagraha. Os delegados que fazem parte desse aparato tornam-se proprietários de notícias valiosas, que podem ser usadas contra quem lhes interessa. Por isso as operações da PF fazem tanto barulho, mas raramente resultam em condenações. O que interessa, no caso, é a posse da informação, e não a informação em si. O perigo é um só: que a informação se transforme em matéria-prima para achaques.
À primeira vista, o Kama Sutra da Satiagraha é somente uma bizarrice repugnante. Mas ele pode ajudar a esclarecer como alguns agentes da PF garantiram a impunidade a um bocado de gente associada ao governo. Basta descobrir o que Protógenes Queiroz pretendia obter com aquele "dólar e meio pago para o Silas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário