terça-feira, 17 de novembro de 2009

A loira e a massa

Foto-Revista Veja/Abril
No blog Verdade Política:
Ela se sente poderosa, no sentido sexual da expressão, mas ainda não conhecia o poder de incendiar a massa. A estudante Geisy Vila Nova Arruda, de 20 anos, causou tumulto e foi humilhada duas vezes. Na primeira, no dia 22 de outubro, foi cercada, ameaçada, difamada e assediada por centenas de alunos da Universidade Bandeirante (Uniban), onde ela cursa o 1º ano de turismo. Tudo por causa do vestido rosa curtíssimo que usava e de sua atitude provocante. Geisy teve de deixar o prédio da faculdade, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, escoltada pela polícia. Na segunda humilhação pública, duas semanas depois, a cúpula da Uniban comunicou a expulsão da estudante. A justificativa: "Flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade". Seis alunos que participaram da balbúrdia foram apenas suspensos. A decisão foi tomada pessoalmente pelo reitor e dono da Uniban, Heitor Pinto Filho. Em vez de, como se esperava, condenar a intolerância dos alunos, ele endossou seu comportamento violento. A repercussão foi péssima. O Ministério da Educação pediu explicações à Uniban, o diploma da universidade começou a ser rechaçado em entrevistas de emprego, a delegacia da mulher da cidade abriu investigação e houve até um protesto de universitários nus em Brasília. No dia seguinte, diante do horizonte péssimo para seus negócios, o senhor Heitor capitulou e resolveu cancelar a expulsão de Geisy.
Na opinião de muitos pais e alunos, Geisy continua sendo culpada, e não vítima do que aconteceu. Na semana passada, por exemplo, Iolanda Tiglia, mãe de uma estudante, improvisou um palanque no pátio da faculdade e discursou: "A Uniban não pode pagar pelo erro de uma única pessoa. Não foi o reitor quem ficou por aí andando de vestidinho". A Uniban é uma faculdade particular para a classe C, com mensalidades que não passam muito dos 400 reais. A educação não é das melhores. Dos 35 cursos da Uniban avaliados pelo governo federal, dezesseis foram considerados insatisfatórios, treze apenas atingiram o patamar mínimo e seis não receberam nota por problemas de metodologia. Os alunos da instituição são, em geral, a primeira geração de sua família a fazer um curso universitário. Geisy tem o mesmo perfil. "O episódio ressaltou um valor essencial para essa faixa da população: o conservadorismo sexual", diz o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Brasileiro. Mas isso não justifica a agressão a Geisy, é claro.
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