Ao fim de um dia em que o grande número de eleitores pareceu um trunfo para o moderado Mir Hossein Mousavi, os resultados da apuração da eleição presidencial apontam para a reeleição no primeiro turno do conservador presidente Mahmoud Ahmadinejad. O Ministério do Interior informou que, com 34% das urnas apuradas, o presidente tem quase 68% dos votos e o seu principal rival pró-reformas, que alertou para possíveis fraudes, tem cerca de 30%. Após o fechamento das urnas, à meia-noite (16h30, em Brasília), Mousavi declarou vitória nas eleições, mas em seguida a agência oficial de notícias Irna anunciou a vitória do presidente. Dois outros candidatos, considerados sem chance de vitória, também participam da eleição. Se nenhum candidato conseguir mais de 50% dos votos, um segundo turno entre os dois mais bem colocados deve ser realizado na próxima sexta-feira. A controvérsia começou antes mesmo de as unas serem fechadas, aumentando as tensões na capital. O reformista Mousavi, que foi primeiro-ministro do país entre 1981 e 1989 --ano em que o cargo foi extinto-- sugeriu que poderia contestar os resultados. A confusa e tensa atmosfera durante a apuração veio depois de um longo dia de votação --o prazo de abertura das urnas foi prorrogado seis horas devido à grande participação. A afluência de eleitores era vista como uma vantagem para Mousavi, cujo eleitorado é formado principalmente por jovens, mulheres e pela população urbana. Ao longo do dia, houve preocupações de que as poderosas instituições islâmicas do país (veja quadro abaixo) estivessem usando seu poder de pressão contra os apoiadores de Mousavi. Durante a votação, mensagens de texto foram bloqueadas --uma ferramenta-chave da campanha do reformista-- assim como alguns sites pró-Mousavi. Oficiais de Segurança advertiram que não vão tolerar reuniões ou comícios políticos antes da divulgação dos resultados finais. O presidente era considerado imbatível até o início da campanha, mas uma grande mobilização em torno de Mousavi, principalmente de jovens, mulheres e da população urbana, embaralhou o processo de sucessão. Ahmadinejad, favorito na zona rural, contou com o apoio de setores conservadores e é visto como o preferido de setores organizados que normalmente votam em bloco, como o Exército e a Guarda Revolucionária. Os dois principais opositores protagonizaram uma campanha agressiva, com acusações mútuas de manipulação de dados. Em um inédito debate, assistido por mais de 40 milhões de pessoas, Mousavi disse que o presidente mentia sobre os dados da economia para esconder a inflação resultante do que chamou de incompetência para administrar o país. Ahmadinejad reagiu e disse que os aliados do opositor --como o ex-presidente e chefe do Conselho de Discernimento (ver quadro), Akbar Rafsanjani-- enriqueceram por meio da corrupção.
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