segunda-feira, 22 de junho de 2009

Desviando o foco


Sarney virou o bode do PT e vai fazer o jogo de Lula até que se esvaia a idéia da polêmica CPI da Petrobrás no Senado. Enquanto os holofotes apontam para o maranhense (ou amapaense, como queiram), as irregularidades na estatal podem seguir firmes e fortes. Sarney, depois de 50 anos de vida pública (e bota pública nisso),deitou na pira de sacrifícios que teve o fogo ateado pelo próprio Lula. Algo decisivo e forte precisava ser feito. O entendimento da história é possível graças aos potentes telescópios que a humanidade implantou ao longo de sua existência social. O perfeito entendimento das coisas contemporâneas, entretanto, só acontece após a análise através de um bom microscópio. No caso em “lente”, a quem interessa essa devassa no Senado da República? Ao povo brasileiro? Não. Esse aí sabe que essas coisas acontecem e sempre acontecerão. O povo brasileiro sabe que político imaculado só em Marte, que político 100% honesto só em Plutão e que nós todos somos um tanto cúmplices dos fenômenos recorrentes que vemos nas capas de jornais diários. Ao povo brasileiro, não interessa se “Sir” Ney empregou até a neta da Alcyone ou se a filha de Mônica Velloso e Renan Calheiros já recebe contracheques de alguma repartição (ou de alguma empreiteira). O povão quer mesmo é saber de futebol, praia e ...Lula! Lula, este sim, interessa ao povo brasileiro. E este interessa porque é o retrato cuspido e escarrado do povo brasileiro. Quando Lula diz que Sarney não é um cara comum, a senha real desta frase é “cortem-lhe a cabeça”. E o povo, com ajuda cordial da imprensa, participa do jogo exatamente como Lula quer. É óbvio que, por não ser uma pessoa “comum”, Sarney já manjou esta estratégia desde quanto tinha 5 meses de vida pública. Lula mandou um recado ao Senado e a Sarney e o recado está dado. O resto é pura figuração e jogo de cena. Sarney, assim como Calheiros, Barbalhos e outras centenas de políticos que também não tão “comuns” é um sujeito pouco vingativo. Não sejamos ainda mais ingênuos, contudo. Logo Sarney irá cobrar esta fatura e, infelizmente, isto NÃO está em sentido figurado. Renato Russo posava de indignado cantando “Que país é esse?”. Ele achava que sabia. Se realmente soubesse, teria incluído o Palácio do Planalto na letra.
Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?Que país é esse?Que país é esse?
Sarney sempre soube que país é esse. E já sabia também quem era Lula da Silva. Já o povo brasileiro, este sim jamais saberá quem Lula é, de verdade.
* Texto de Glauco Fonseca

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