terça-feira, 4 de agosto de 2009

Denúncias contra Sarney serão arquivadas

No senado, já há cheiro de pizza no ar. É o que deduzimos da reportagem publicada no site do Josias de Souza, na Folha Online de hoje, que a seguir transcrevemos:
Reúne-se nesta quarta (5) o Conselho de (a)Ética do Senado.Na pauta, 11 representações e denúncias contra José Sarney. A 24 horas do início da partida, o jogo do conselho está jogado.Os lances estão programados para acontecer assim:
1. Escalado por Renan Calheiros para presidir o colegiado que deveria zelar pela ética, Paulo Duque (PMDB-RJ) empurrará a encrenca com a barriga.
2. Informará ao conselho que, de acordo com o regimento do Senado, dispõe de cinco dias para analisar as representações.
3. Na noite desta segunda (3), Sarney disse a um interlocutor, em privado, que nada será decidido antes da próxima segunda (10).
4. Vencido o prazo, Duque revelará ao conselho e ao país a decisão que Renan e Sarney já tomaram por ele: as acusações serão enviadas ao arquivo.
5. A manobra tem amparo no regimento. O presidente do conselho tem poderes para arquivar denúncias ineptas sem ouvir o plenário.
6. Duque não deve nem mesmo oficiar Sarney para a apresentação de defesa. Dirá que as acusações são ineptas. E ponto.
7. Farejando o cheiro de queimado, a oposição já preparou o contra-ataque. Reza o regimento que as decisões do presidente são passíveis de recurso.
8. Com as assinaturas de cinco dos 15 integrantes do Conselho de Ética, pode-se exigir que a decisão de Paulo Duque seja levada a voto.
9. José Agripino Maia já dispõe de requerimento subscrito por cinco conselheiros –dois tucanos e três ‘demos’.
10. Sarney e Renan estimam que, submetido a voto, o arquivamento a ser proposto por Duque prevalecerá por dez a cinco.
11. O regimento faculta à oposição novo recurso, dessa vez ao plenário do Senado.
12. Esboçada antes do recesso, a tática do grupo de Sarney foi reiterada em reunião realizada na noite do último domingo (2).
13. Deu-se numa reunião na casa do próprio Sarney. Participaram, além do anfitrião, Renan Calheiros, Gim Argello e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).
14. Participou da conversa também o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
15. Acionado por Sarney, Kakay analisara a fundamentação das acusações feitas contra o presidente do Senado.
16. O advogado informou a Sarney e Cia. que, do ponto de vista estritamente jurídico, as representações levadas ao Conselho de Ética têm peso zero.
17. Na noite desta segunda (3), Kakay voltou à casa de Sarney. Saiu de lá convencido de que não terá de redigir memoriais nem fazer a defesa oral do cliente.
18. De resto, Kakay encontrou um Sarney animado para o embate. Nada fazia crer que flertasse com a renúncia.
19. Antes, em diálogos privados que mantivera com milicianos de sua tropa de choque, Sarney já havia se apresentado de lanças em punho.
20. Sarney animara-se com a refrega que eletrificara o plenário do Senado na sessão vespertina.
21. Refugiado em seu gabinete, acompanhara pela TV a refrega entre Renan Calheiros, Fernando Collor e Pedro Simon.
22. Para Sarney, Collor e Renan lograram levar às cordas o desafeto Simon. Planeja-se fazer o mesmo com todos os que se aventurarem a pedir a sua renúncia.
23. Nesta terça (4), deve subir à tribuna o líder tucano Arthur Virgílio. No dizer de Renan, trata-se de um “réu confesso”.
24. O PMDB arma contra Virgílio uma representação no Conselho de Ética. O tucano identifica no gesto uma “chantagem”. Diz que não vai calar.
25. Até que as acusações contra Sarney cheguem ao plenário, a rotina do Senado deve se resumir a isso: discursos de ataque e apartes de defesa.
26. Em meio à anormalidade, a bancada governista tentará retomar a normalidade das votações

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