Os resultados da indústria automobilística nacional confirmam a passagem de uma “marola” pela economia brasileira - como havia dito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em relação aos reflexos da crise financeira mundial. No primeiro quadrimestre, as vendas de veículos tiveram leve queda, de 0,7%. Entretanto, o enfraquecimento dos mercados tradicionalmentecompradores de produtos do país já causa para as montadoras os efeitos de um “tsunami” no que se refere às exportações.A grande preocupação do setor sobre o futuro das vendas externas foi o foco de analistas e executivos nesta segunda-feira (11), em São Paulo, durante o seminário Autodata de “perspectivas”. De acordo com análise da consultoria CSM Worldwide, com a crise, o mundo terá queda de 11 milhões de unidades nas vendas deste ano de automóveis e comerciais leves.A tendência negativa força as exportações brasileiras para baixo. No acumulado de janeiro a abril, a vendas externas caíram 50,3%, em relação ao mesmo período do ano passado - de 247.701 unidades para 123.101. Para 2009, a previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de queda de 32% sobre 2008, de 735 mil para 500 mil unidades. “Notamos quedas contundentes em qualquer negócio no exterior e teremos a dificuldade adicional de conquistar mercados que ‘derreteram’, de forma geral, com a crise”, observa o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. Segundo ele, as principais quedas de demanda são observadas no México, com redução de 41,4% nos negócios entre os dois países, Argentina (queda de 54,8%), União Europeia (51,2%), Grupo Andino (51,3%), e Chile (73,7%). Na opinião da vice-presidente da consultoria Booz & Company, Letícia Costa, os acordos comerciais limitados na América Latina, em especial com Argentina e México, é que agravam a situação das exportações de veículos do Brasil. Isso porque, quando um desses mercados “escorrega”, o Brasil derrapa junto. “A gripe suína, por exemplo, irá retrair ainda mais a economia mexicana, o que dificultará muito os negócios com o Brasil”, destaca a consultora. Para o vice-presidente da CSM Worldwide, Paulo Cardamone, a luta da indústria será além de ampliar os clientes no exterior, aumentar o conteúdo dos carros, sem incrementar os preços. “Este conteúdo se refere a itens essenciais para a concorrência, como os de segurança”, afirma. Segundo ele, a retração de 40% nas vendas externas não será recuperada tão cedo. “Estamos muito regionalizados, isso significa que não fizemos a lição de casa em relação ao conteúdo dos veículos. Ou seja, estamos atrasados”, alerta.
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