sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cronica de um voo apaixonado

A intensidade daquela relação transparecia nos estragos. Começou com perna de cama e de cadeira no chão: marca da paixão intensa. Depois foi uma frigideira na parede, sinal de problema. Por fim, a costela quebrada mostrou que o amor já era. Já?
Ele conheceu Renoar, linda morena. Ela tentou Baltazar, sempre tão prestativo. Cama, cadeira, frigideira e costela intactos. Já o coração deu marcas de cansaço.
Ele largou Renoar, ela fugiu de Baltazar. Nunca mais amar, nunca mais quebrar. Ele ficou com suas argilas, ela investiu seriamente nas palavras cruzadas.
Em uma noite fria de inverno temporão, ele saiu do seu portão e foi ao bar atrás de Renoar. Com letras e mais letras na cabeça, ela precisava espairecer e chamou novamente Baltazar, das mãos quentes e cabeça leve.
Ele bateu os olhos nela e bateu boca com Renoar, que foi embora, sentida. Ela só o viu quando a bela morena levantou da mesa. Ele a chamou com o olhar, ela apontou para Baltazar. Ele esfregou as mãos e as soprou, mostrando que era ainda mais quente que o concorrente.
E os estragos voltaram. Pratos voaram. E os dois se mandaram para a praia. O carro derrapou. E ela finalmente voou.

Escritora, jornalista e editora, Luciana Pinsky acaba de lançar o romance Sujeito oculto e demais graças do amor (editora Record). Detalhes dos protagonistas e outras histórias estão no blog www.lucianapinsky.blogspot.com. Quem quiser conhecer mais seus textos ficcionais pode entrar na comunidade do Orkut.

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