segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lula está com Collor, Sarney e não abre

Lula está com Fernando Collor e não abre. Para seu passado e para as pessoas que o seguiram com admiração na gloriosa trajetória da liderança sindical até o posto mais alto da hierarquia política do país, a presidência da República, ele manda "aquele abraço". Os ingleses têm um ditado memorável e adequado a momentos parecidos com esses: "Politics make strange bedfellows", que se traduz livremente por algo como a "política forma os mais estranhos casais". Mas que casal formam Lula e Collor? Um estranho casal. Lembra um pouco a distinção que o traidor do livro "O fator humano", do grande romancista inglês Graham Greene fazia entre o comunismo e o capitalismo.
Ele justificava seu trabalho de espionagem em favor da União Soviética com a explicação de que "os pecados do comunismo pertencem ao passado, enquanto os do capitalismo ao presente." Levado ao impeachment em 1992 por corrupção, prática de que ele e seu governo passaram ser símbolos no Brasil, Collor é o cônjuge cujos pecados pertencem ao passado. Os de Lula são do presente: a vista grossa e a legitimização (dada por sua enorme popularidade) da fisiologia, da corrupção e do coronelismo na política brasileira. Mais grave talvez do que absolver condutas impróprias ao abraçar certos tipos em público é o objetivo pelo qual Lula se presta a esse papel. Lula abomina derrotas políticas. Toda vez que foi derrotado no Congresso, independentemente da justeza da decisão dos parlamentares, sentiu-se pessoalmente ofendido. A companhia de gente como Collor, José Sarney e Renan Calheiros lhe causa menos desconforto do que uma derrota no Congresso. Para evitá-las ele faz qualquer coisa, até mesmo correndo o risco de passar à história como um democrata com credenciais menos impecáveis do que as que realmente possui. Tamanho é o vigor da blitzkrieg do executivo sobre o Congresso que, para muitos analistas, Lula já está desrespeitando o preceito constitucional da independência dos poderes.
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