sábado, 13 de novembro de 2010

Venezuela, sem querer querendo

Do blog do Gabeira:
O que aconteceu na Venezuela, embora ignorado por dois dos três jornais nacionais, é uma das notícias mais importantes do continente. Chávez promoveu o general Henry Rangel Silva, acusado de cumplicidade com o tráfico de drogas. E o promoveu por causa de uma acusação mais grave ainda: a de antecipar ameaça de um golpe militar.
A recente confusão em torno de Henry nasceu de sua frase afirmando que o Exército e o povo não vão aceitar uma vitória eleitoral da oposição, daqui a dois anos. Imediatamente, a OEA protestou e pediu aos países do continente que também o fizessem.
Henry não disse apenas isso. Foi mais longe, afirmando que a sorte do Exército está associada ao governo Chávez, retirando da instituição sua condição, essencial numa democracia, de órgão fiel ao estado e à constituição.
Chávez fez um discurso irônico, chamando José Miguel Insulza, Secretário Geral da OEA, de insosso, criticando-o por interferir nos negócios internos do pais. Quando a democracia está ameaçada pela direita, a OEA é pressionado a se mover; quando é ameaçada pela esquerda, sua interferência é considerada ilegítima.
Segundo as Farc, Dilma terá importante papel na paz regional. Mas a verdadeira paz regional, antítese do discurso terrorista, se constrói a cada momento, em cada situação, como esta criada pelo governo da Venezuela. Se os países não estiverem juntos com a OEA, o processo de esvaziamento da entidade será cada vez maior. Isto é até secundário, diante da nova e confessada limitação da Venezuela: as eleições serão tranquilas em caso de vitória de Chávez ; resultarão num golpe, com apoio das milícias populares, em caso de vitória da oposição.
Onde estamos? Na America do Sul cujo processo de restrição à liberdade de imprensa já existe em alguns países, como a própria Venezuela. Agora, entraremos na fase de eleições com vencedor antecipado
Vamos ver o que é possível fazer na Comissão de Relações Exteriores, pressionando o Brasil a dizer alguma coisa, nesta crise entre OEA e Venezuela, na verdade uma crise da democracia. Mas é preciso que o tema ganhe também a grande imprensa nacional.

2 comentários:

Fusca disse...

O pior, Mário, é que aqui estão seguindo o mesmo modelo, com mais ênfase ainda a partir da possse da ex- (Ex???) guerrilheira coordenadora de sequestros, assaltos e assassinatos.

Fusca disse...

PS.: e a imprensa amestrada já não é mais atuante, tal como ocorre com a outrora combativa e ora corrompida UNE. Onde vamos parar? Até agora não se tem uma nota de falecimento sequer, na grande imprensa, sobre a inexplicada prisão, morte e cremação do escritor paranaense Yves Hublet, o velhinho das bengaladas em Dirceu.