A vice-campeã Fabi será sempre lembrada com respeito pelo país que nem saberá quem foi Celso Amorim
Se mesmo potências esportivas festejam o segundo lugar num campeonato mundial de qualquer modalidade, manda o bom senso que até a conquista da medalha de prata em taekwondo por um anão olímpico como o Brasil vire notícia de primeira página, certo? Errado, ensinou nesta segunda-feira a Folha de S. Paulo. A façanha da seleção feminina de vôlei no Japão não mereceu um único centímetro, uma só vírgula na página mais nobre do jornal.
Derrotadas pelo ótimo time da Rússia no fim de uma campanha empolgante, as bravas e talentosas lutadoras das quadras não conseguiram mais que a submanchete do caderno de esportes. Sob a foto da líbero Fabi em lágrimas, uma única palavra — VICE — bastou para traduzir a decepção dos editores: nestes trêfegos trópicos, como ensinou Nelson Picquet, o segundo colocado é o primeiro dos últimos. Coerentemente, o noticiário comprimido em menos de duas páginas internas em formato tabloide evocava uma misteriosa “síndrome da Rússia” para atribuir o resultado do jogo não aos acertos das adversárias, mas aos erros das brasileiras.
O espaço que faltou para a valentia e o talento da seleção de vôlei sobrou para o palavrório triunfalista do chanceler Celso Amorim. A entrevista de uma página foi destacada na capa com uma chamada de 10 linhas e o título que, inspirado numa das passagens do hino à vassalagem, reverberou a cretinice de antologia: “Para ministro, Pelé só teve um, e igual a Lula não vai ter”. A Folha achou pouco subestimar a medalha de prata da seleção de vôlei. Fez questão de também encampar a afronta ao rei do País do Futebol: se o presidente é igual ao maior jogador de futebol de todos os tempos, então o homem que Amorim chama de “Nosso Guia” é o maior governante desde o Dia da Criação.
Ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco e de Lula, o diplomata que há oito anos desonra o Itamaraty é sobretudo um áulico a serviço de qualquer presidente, regime ou ideologia. É apenas um duplo equívoco à caça de emprego. Mas quem canta as maravilhas do país do faz-de-conta rouba espaço de gente que melhora o país real. No pódio em Tóquio, as vice-campeãs do mundo choraram a derrota e pediram desculpas aos brasileiros — como se devessem alguma. Na entrevista, Amorim nem pediu licença para protagonizar o espetáculo da desfaçatez.
* Texto de Augusto Nunes, leia mais http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
3 comentários:
Mário, hoje seu blog ficou fora do ar o dia inteiro, entrava a página do blogger com a mensagem de que foi removido. Fiquei indignado e já estava salvando as manchetes da memória do painel do blogger, quando retornou. Já não bastasse o sumiço do blog do Clausewitz que também era muito rico em informações e objetivo, do qual nunca mais tive notícias.
Só faltava bloquearem, censurarem ou hackearem seu blog.
Aqui é uma guerra diária.
Eles fazem tudo para derrubar o blog.
Já ameaçaram dizendo que a partir do dia 1 de Janeiro, vão bloquear todos os blogs de oposição, inclusive o meu.
Como dependo do google e não sei até onde eles estão vinculados às autoridades governamentais, fico nesta trincheira até o final...
Estamos juntos, invasões e ameaças não faltam, e essa corja é capaz de tudo, como se sabe. Precisamos unir forças na divulgação - e eventual mudança de endereço, caso o Google não consiga manter a independência e liberdade de expressão. Mas não vamos abaixar a cabeça.
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