sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ministros em pé de guerra


Lula terá de contornar crise entre Jobim e Vanucchi, que propôs revisão de crimes militares
No O dia online:
Rio - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, embarcou ontem para a folga de fim de ano, na Bahia, e terá de pensar numa saída para a crise instaurada entre os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos. Jobim teria até entregue uma carta de demissão a Lula, insatisfeito com a publicação do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNRH). O projeto prevê a revisão da Lei da Anistia, que poderia levar a condenações os oficiais da época do regime militar. Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que conversou com Lula e que não houve nenhum tipo de pedido de demissão nem problemas entre ministros. “Não há nenhuma conversa insanável”, disse o ministro. “Isso (o problema), o presidente vai resolver com a sua capacidade de mediação na volta das férias”. Tarso Genro, porém, adiantou que Lula deve revisar o programa. O encontro do ministro da Defesa com Lula foi no dia 22, na Base Aérea de Brasília, quando o ministro teria entregue o cargo. Solidários a Jobim, os três comandantes das Forças Armadas, Enzo Peri (Exército), Juniti Saito (Aeronáutica), e Júlio Moura Neto (Marinha) também decidiram que deixariam suas funções, caso a saída de Jobim fosse consumada. A insatisfação dos militares é com a “Comissão da Verdade” do Plano, que pretende apurar torturas e desaparecimentos durante o regime militar. O documento foi classificado por Jobim e pelos ministros militares como “revanchista e agressivo”. Pelo acordo feito com Lula, o texto do programa não será reescrito, mas as propostas da lei a serem enviadas ao Congresso não afrontarão as Forças Armadas e, se for preciso, a base governista será mobilizada para não aprovar textos de caráter revanchista. Para as Forças Armadas, a cerimônia de premiação de vítimas da ditadura também teria sido uma armação para constranger militares, tendo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como figura central, não só por ter sido torturada, mas também por ter chorado e escolhido a ocasião para exibir o novo visual de cabelos curtos após a quimioterapia. Os militares também criticam trecho do Plano que proíbe que ruas, praças, monumentos e estádios tenham nomes de pessoas que praticaram crimes na ditadura.

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