A falta de excitação sexual feminina costuma ser explicada basicamente por fatores psicológicos. Traumas, culpas, desentendimentos com o parceiro, sabotagens despertadas pela rotina. Ou ainda por fatores culturais. O principal deles é a angústia de estar fora dos padrões de beleza, de não corresponder à imagem da mulher dos sonhos. Pouco se sabe até hoje sobre as limitações físicas que podem comprometer o prazer. Em raros casos o problema é atribuído ao baixo nível do hormônio estrógeno no organismo. Agora um outro fator desponta como um possível responsável pelo problema: o colesterol alto. Segundo uma pesquisa publicada no Journal of Sexual Medicine, mulheres com colesterol alto apresentam pontuação mais baixa em questionários que avaliam o Índice de Funcionamento Sexual Feminino (FSFI). Elas relataram menos excitação, orgasmo, lubrificação vaginal e satisfação sexual do que as mulheres com índices normais de colesterol. No grupo das mulheres com colesterol alto, 32% tiveram pontuação tão baixa que podem ser consideradas portadoras de disfunção sexual. O índice foi de apenas 9% entre as voluntárias com colesterol normal. A pesquisa foi realizada por Katherine Espósito, da Seconda Università degli Studi, em Nápoles, na Itália. Mais de 500 mulheres que ainda não haviam entrado na menopausa participaram do estudo. Entravam no grupo do colesterol alto as que tinham LDL (o colesterol ruim) acima de 160 mg/dL; HDL (o colesterol bom) abaixo de 50 mg/dL ou triglicérides acima de 150 mg/dL. Há muito tempo está provado que homens com excesso de colesterol e outras gorduras no sangue podem ter dificuldades de ereção. Isso ocorre porque o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos pode reduzir o fluxo de sangue no tecido erétil. Nas mulheres, porém, é bem mais difícil comprovar a relação entre colesterol alto e disfunção sexual. A equipe de Katherine partiu do princípio de que a excitação feminina depende em grande parte do aumento do fluxo sanguíneo nos genitais. Decidiu investigar e concluiu que existe mesmo uma relação entre as duas coisas. “Esse estudo sugere que há uma forte conexão entre a excitação sexual feminina e doenças orgânicas da mesma forma como ocorre nos homens”, disse à Revista NewScientist o urologista Geoffrey Hackett, da Holly Cottage Clinic, no Reino Unido. “Atualmente, isso sequer é considerado.” Perguntei a opinião do cardiologista Raul Dias dos Santos Filho, diretor da Unidade Clínica de Dislipidemias do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo. “Nunca tinha visto dados como esses”, disse. “Um único estudo é capaz de mostrar uma associação entre as duas coisas. Mas não comprova que o colesterol alto seja de fato uma das causas da disfunção sexual feminina”, afirmou. Só o tempo - e mais pesquisas - poderão esclarecer se essa é mesmo uma boa pista para ajudar a explicar tantas histórias de insatisfação na cama.
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