Na inversão de valores por que passa o mundo, uns
países são mais afetados que outros.
Provarei por “a” mais “b” que o Brasil se enquadra
entre os segundos. A corrupção em “pindorama”, por exemplo, chegou a níveis intoleráveis. Dentre os sintomas mais
característicos
dessa situação está o fato dos criminosos
acionarem na Justiça os não-criminosos, por esses
denunciarem publicamente os crimes, notadamente jornalistas, numa avalanche de
ações
judiciais e extrajudiciais sem fim.
A explicação deve estar na montanha de dinheiro
que os bandidos acumularam via corrupção, como fartamente demonstrado no “Mensalão”, ”Lava Jato”, e “filhotes” afins. Dizem uns que o
montante total roubado dos cofres públicos desde 2003 até hoje ultrapassaria
o “trilhão” de reais. Outros
garantem que essa soma seria até superior ao Produto Interno Bruto-PIB, que em
2016 foi de 6,2 trilhões de
reais. Porventura não
seria essa a principal razão pela qual tanto falta aos brasileiros os recursos
necessários
para uma vida menos “apertada”?
Ora, com essa quantia extraordinária à disposição, a corrupção estaria apta, ou teria “poder de fogo”, para comprar os Tribunais e
talvez a OAB inteira para defender seus interesses. A sorte é que nem todos se vendem
e respeitam os respectivos códigos de ética. Contudo, essa colocação não está ”absolvendo” e período de 8 anos do Governo FHC, onde
muita falcatrua também
aconteceu, especialmente nas privatizações das estatais. Possivelmente em menor
escala, os governos anteriores a FHC também não “escapam”.
Situação semelhante ocorreu na Grécia Antiga, no Séc. IV a.C, época em que a filosofia e toda
a sociedade grega, inclusive a sua Justiça, caiu no domínio “demoníaco” da Escola Sofista, a partir de
Górgias
(483 a.C-375 a.C) e Protágoras
(492 a.C-422 a.C). Este último imortalizou a máxima: “O homem é a medida de todas as coisas”. A mais importante característica dessa escola foi o
desenvolvimento das técnicas
da argumentação e do
convencimento. Os sofistas são considerados por muitos os primeiros
advogados. Esses “filósofos” não tinham grande dificuldade de
transformar uma inverdade em verdade, e vice-versa. Bom é lembrar que a construção de um raciocínio verdadeiro constitui o que
se chama SILOGISMO, formado, na sua forma mais simples, por duas premissas
(maior e menor), e a conclusão. O exemplo clássico para o silogismo é: “Todo homem é mortal; Ora, Sócrates é homem; Logo, Sócrates é mortal. Mas os sofistas
descobriram que se mutilassem uma das premissas do silogismo, o raciocínio ficaria formalmente
perfeito, porém
essencialmente falso. É aí que entrava a “argumentação”. Usando o mesmo exemplo do
silogismo clássico
e transformando-o na sua forma corrompida, o sofisma: “Todo homem é imortal: Ora, Sócrates é homem; Logo, Sócrates é imortal”. Essa é a “verdade” sofista.
A sociedade grega de então imergiu na mentira, que
passou a ser a maior das virtudes. Foi quando surgiu Sócrates, disposto a combater os
sofistas e as mentiras que pregavam. Mas eram os sofistas que mandavam na
sociedade. E nesse funesto período dizer a verdade era proibido, o maior dos
crimes. Muito superior aos outros, como matar, roubar e estuprar. A pena de
morte era reservada a quem ousasse falar a verdade. E por não abdicar da verdade, Sócrates foi acionado pelos
sofistas, preso e condenado à morte, forçado a beber “cicuta”.
Outro momento em que o mundo adoeceu
moralmente, onde o mal prevaleceu sobre o bem, a inverdade sobre a verdade, foi
no tempo de Jesus Cristo (2 a 7 a.C- 33 d.C). Jesus ousou desafiar
Roma, pregando a verdade da fé. Foi preso, julgado, condenado e
crucificado, por ordem do Governador Pôncio Pilatos.
A INQUISIÇÃO, também chamada “Santo Ofício”, foi outra época da qual a humanidade não pode se orgulhar. Era
formada pelos Tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam
pessoas acusadas de desvio das suas regras de conduta. A Inquisição teve duas fases. A primeira
foi a MEDIEVAL (Sec. XIII e XIV); a segunda, chamada MODERNA, se deu na Espanha
e Portugal, nos Séculos
XV a XIX. Começou com
o Papa Gregório
IX, que estava preocupado com o crescimento das seitas religiosas, criando
um órgão especial para investigar e
punir os suspeitos de heresia, que era qualquer prática religiosa diferente das
consideradas cristãs. Na
fase medieval da inquisição as
punições
eram mais brandas que na segunda fase.
Mas o período mais cruel da Inquisição ocorreu na Espanha, em 1478.
Os principais alvos eram os judeus, os cristãos-novos, os protestantes, os
iluministas, os homossexuais e os bígamos. As penas eram severas,
sobressaindo-se a morte na fogueira, a prisão perpétua e o confisco de bens. “Graças” a essa última pena, a Igreja acumulou
grande riqueza. E tudo aconteceu sob cobertura da “Justiça” da época. Por conseguinte, a história comprova que em muitos
lugares e tempos diferentes o banditismo preponderou e se confundiu com a
AUTORIDADE, política,
judicial, ou eclesial.
Também outubro de 1917 deve entrar
nessa “lista negra”. As consequências da “Revolução Bolchevique, liderada por Lenin, sob
pretexto de implantar o marxismo, ou socialismo científico, deixou um rastro de
destruição na
sua esteira, onde se estima terem sido mortas mais de CEM MILHÕES de pessoas. E se os Czares
antes da revolução
tinham a Justiça
inteiramente à mão, como narrado por Maximo
Gorki, no romance “A Mãe”, a situação não mudou depois da vitória comunista. Mais
tarde os bolcheviques, que buscavam o poder pela violência ,cederam lugar aos seus
antigos concorrentes, os mencheviques, mais “políticos” e menos violentos, que
depois se misturaram ao socialismo “ fabiano” (aquele do FHC), à Escola de
Frankfurt e ao socialismo desenvolvido pelo italiano Antônio Gramsci, este o mais
influente no Brasil ,cuja principal estratégia é a dominação cultural e
a infiltração
paulatina em todas as instituições públicas e privadas ,prioritariamente nos
estabelecimentos de ensino.
Essa “salada-de-frutas” de correntes socialistas deu origem no Brasil
ao que antes se denominara na Rússia NOMENKLATURA, e que lá havia se adonado do
poder após a
revolução de
outubro, formada pelos burocratas do Estado, dotados de todos os privilégios, poder e riqueza. Por
essa simples razão os
nomenklaturistas russos distanciaram-se econômica e socialmente do povo muito mais
que a distância
que antes separava o dono do capital do trabalhador. A perfeita acomodação entre a Nomenklatura, ”versão” brasileira, e o
ESTAMENTO BUROCRÁTICO
(a que se referia Raimundo Faoro), uma herança de Portugal, ”importada” especialmente com a chegada de
D. João VI
ao Brasil, em 1808, e sua Corte de inúteis almofadinhas, que covardemente
fugiam da invasão de
Napoleão,
germinou de tal modo que daí nasceu a pior escória política que se tem notícia no mundo. Os resultados
dessa tragédia, e
do “azar” que teve o Brasil, hoje
estão mais
visíveis
que nunca, especialmente após a posse de Lula na Presidência em 2003.
Com toda a dinheirama que os corruptos
roubaram dos cofres públicos,
logo sentiram-se no direito de silenciar os que estavam enxergando as suas falcatruas
e as denunciavam publicamente. Muito dinheiro rolou nessa tentativa de silêncio. Os alvos prediletos
foram os jornalistas que viram-se na obrigação ética de denunciar o que estava
acontecendo.
O Jornal da Cidade Online, do RS, por
exemplo, foi alvo de ações
judiciais estúpidas.
Uma delas movida pela Senadora Gleisi Hoffmann, Presidente do PT, notificando o
jornal a retirar a matéria “Jornalista revela amante de Gleisi”, no momento em que essa notícia já estava “batida”e “surrada” na imprensa, e que
surgiu após a
delação
premiada de Alexandre Romano, com detalhes “sórdidos”, referindo-se ao que constava
na “planilha da Odebrecht”, nos autos de um processo
da “Lava Jato”. O Ministro Gilmar Mendes, do
STF, fez o mesmo, processando esse mesmo jornal, num atentado à liberdade de imprensa. Não deixando por menos, o médico Roberto Kalil, Diretor do
Hospital Sírio
Libanês,
aquele mesmo hospital que sempre socorre os endinheirados do Governo, também aciona o mesmo jornal para
que retire matéria do
ar. Mais parece que esse cidadão quis agradar a seus clientes ricos.
Por seu turno Lula já processou o Juiz Federal
Sérgio
Moro, o Procurador da República
Deltan Dallagnol, a quem chamou de “moleque”, e outros, sempre pedindo “danos morais” em torno de um milhão de reais, talvez imaginando
que esses trabalhadores ganhem dinheiro tão fácil como ele que nunca trabalhou de
verdade. O que ele esquece é que por não ter mais foro privilegiado
essas suas ações
tramitarão
perante os juízes de
primeira instância e
não
pelos Ministros que um dia ele nomeou para o Supremo. Mas se chegar até “eles”, talvez....
Além do mais, dito cidadão recorre à ONU para fazer as suas
queixas sem fundamento com mais frequência do que vai ao banheiro. Parece até que estaria muito seguro
que a “cumpanheirada” tenha tomado conta também da ONU. Não teria sido esse o motivo
pelo qual Donald Trump deu um chute no traseiro da Organização das Nações Unidas?
*Por
Sérgio
Alves de Oliveira /
advogado e sociólogo
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