Gilberto Carvalho, essa mistura exótica de stalinismo com água benta, expôs uma vez mais a sua verdadeira natureza. Ainda que esteja prestes a perder o emprego — e espero que Dilma não tenha a irresponsabilidade de mantê-lo no governo —, ele ainda é ministro de Estado. O secretário-geral da Presidência está obrigado a manter certo decoro. Mas ele não tem nenhum. Nunca teve.
Num encontro com cooperativas de agricultores orgânicos e extrativistas sustentáveis, Carvalho referiu-se ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disputou a eleição presidencial e ficou a menos de quatro pontos da vitória, nestes termos:
“O momento de hoje é de felicidade, a gente celebra essa junção fecunda, adequada entre a sociedade e o governo que tem essa orientação. E é isso, gente, que esteve em disputa agora nas eleições. Eu morria de medo de o playboyzinho ganhar a eleição porque eu tinha clareza que ia acabar essa energia que está aqui nesta sala. Isso não tinha condição de continuar porque não está nesse projeto”.
Isso não é linguagem que se empregue na democracia. Isso não é linguagem que se empregue no estado de direito. Isso não é linguagem que se empregue em relações políticas civilizadas. Isso é pistolagem política. Isso é conversa de bolivariano. Isso é papo de autoritário.
Até uma besta ao quadrado sabe que, no regime democrático, o que legitima o governo é a oposição. Não para Carvalho, o bolivariano prestes a perder o emprego. E ele falou sobre corrupção? Falou. Assim:
“O que está em jogo agora não é esse negócio de corrupção que sempre teve no país e que nós estamos tendo a coragem de combater. Tudo isso que eles estão denunciando agora é o medo que eles têm de perder a hegemonia do Estado brasileiro. O resto é propaganda, o resto é conversa e maledicência. Porque nunca eles tiveram coragem de pôr o dedo na ferida como nós estamos pondo agora cortando na própria carne como se verifica na questão da corrupção.”
O governo petista entregou a Petrobras a uma súcia, e Carvalho quer que aplaudamos o seu partido porque a Polícia Federal, e não o PT, desalojou os bandidos de lá.
Acho bom, no fim das contas, que ele se revele. Por muito tempo, a sua fala mansa disfarçou a sua delinquência política.
*Por Reinaldo Azevedo
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