Os ataques a oposição feitos na noite de quarta-feira pelo ex-presidente Lula em discurso na abertura da segunda etapa do 5º Congresso do PT, foram rebatidos na tarde desta quinta-feira, na tribuna do Senado, pelo líder do PSDB , Aloysio Nunes Ferreira (SP). O tucano chamou as declarações de Lula de “pérolas” e disse que ele subestima o sentimento de indignação da grande maioria dos brasileiros do bem que não aceitam a corrupção e querem um Brasil decente.
— Não senhor ex-presidente! Não nos interessa saber a cor do papel higiênico que se usa nos palácios. Mas eu lhe digo que nem todo papel higiênico do mundo seria capaz de limpar a sujeira que fizeram na Petrobras nesses últimos 12 anos — respondeu Aloysio.
O líder admitiu que está pessimista diante da grande crise política e econômica que deve ser deflagrada quando os nomes dos envolvidos na operação Lava-Jato vierem a público. Lembrou que Lula exaltou a criação de instrumentos de controle como uma distinção dos governos do PT, três dias depois de o ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, ter se despedido do cargo dizendo que os sistemas de fiscalização das estatais são extremamente frouxos e deficientes.
Depois também de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter dito que a Petrobras - que tinha a presidente Dilma à frente do Conselho de Administração - teve uma administração desastrosa
— E a base do governo continua agindo como se estivesse tudo bem: nada viu, nada acontece, está tudo normal. Aí vem Lula, na sua condição de totem dessa religião idólatra em que se transformou o PT, lançar suas bênçãos sobre a história recente do país — ironizou Aloysio Nunes Ferreira, completando: — Outra pérola de Lula em seu discurso foi dizer que a indignação contra a corrupção é coisa da direita. Como se fosse de esquerda roubar dinheiro público.
Sobre a declaração de Lula de que “os tucanos arrecadam dinheiro como se fosse Criança Esperança. Não tem empresário”, o líder do PSDB disse que a legislação permitindo a doação de empresas privadas foi aprovada após a CPI que levou ao impeachment do ex-presidente Collor. Segundo o tucano, essa é a legislação em vigor, mas que o problema do PT é a corrupção política, que pratica a modalidade de sujar dinheiro limpo, e limpar dinheiro sujo.
O problema, disse, não advém do financiamento de campanha, “se transformou numa modalidade de exercício do poder: compra de apoios através do mensalão e agora do petrolão”. — Em todas as formas de financiamento existem pessoas desonestas. Na análise das contas da presidente Dilma descobriram um pagamento de R$ 24 milhões a uma empresa de eventos que tinha como sócio um motorista que ganha R$ 2 mil e mora numa casa de subúrbio e tem entre os seus clientes os Correios e a Petrobras. O dono dessa empresa já tinha recebido dinheiro do celebérrimo Marcos Valério — criticou Aloysio Nunes.
( O Globo )
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