Já está desenhada uma estratégia, isto
é visível, e é bom que o PSDB acorde. O alvo do governo federal, de Dilma
Rousseff e do PT é São Paulo. Eles não engoliram as múltiplas surras eleitorais
que a população do Estado aplicou ao partido. Querem vingança. Querem sangue. Esses
valentes não convivem bem com quem lhes diz “não” e com quem cumpre sua função
e noticia o que eles não gostam de ler. O presidente do PSDB, senador Aécio
Neves (MG); o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin; o senador
Aloysio Nunes Ferreira e o senador eleito pelo Estado, José Serra, já podem
desensarilhar as armas para defender a população que os elegeu e, claro!,
também para atacar. Afinal, como reza o adágio latino, “si vis pacem, para
bellum”: se queres a paz, prepara a guerra.
Dilma acaba de conceder mais uma
entrevista, desta feita a Ricardo Boechat, da Band. Quer dizer: não foi bem uma
entrevista. Dilma falou o que bem quis, lidou com fatos e números como lhe deu
na telha, fantasiou, mistificou à vontade, sem contestação. Na verdade, até
recebeu alguma ajuda, com uma pauta pensada para que ela atacasse os tucanos de
São Paulo. Eis a presidente que quer unir todos os brasileiros.
A presidente, repetindo o que disse na
entrevista à Record, insiste em disputar o quarto turno da eleição — o PT já
perdeu no primeiro turno para o governo do Estado e em dois turnos para a
Presidência — e em jogar nas costas do governo de São Paulo a crise hídrica.
Falou, diante do silêncio colaborativo do entrevistador, que o Nordeste viveu a
maior seca em 70 anos e que o governo federal socorreu com cisternas e seis mil
carros-pipas. A sugestão era que o mesmo poderia ter sido feito por São Paulo
se Alckmin pedisse. Será que esta senhora tem a noção, ainda que ligeira, de
quantos carros-pipas seriam necessários para suprir deficiências deste Estado?
Mas embarco na sua hipótese: Guarulhos
e Mauá, para citar dois municípios da Grande São Paulo, são administrados pelo
PT, não são atendidos pela Sabesp e hoje sofrem com o racionamento. Por que,
então, Dilma, não se apressou em fazer acordos com os respectivos prefeitos,
aliados seus? Por que não manda seus carros-pipas? Por que não fez suas
cisternas? Não precisava da concordância de Alckmin para isso. É patético.
Falou, ou por má-fé ou por ignorância
convicta, que o governo federal financia as obras do Sistema Produtor de São
Lourenço. Deve ser bom dar uma entrevista como quem emite um release. Dilma tem
dito por aí que a CEF liberou financiamento de R$ 1,8 bilhão para a obra.
Mentira. Comecemos do começo. O edital para a obra é de 8 de novembro de 2012,
anterior à crise hídrica. O contrato com o consórcio vencedor — Andrade
Gutierrez e Camargo Correa — foi assinado no dia 21 de agosto de 2013. Trata-se
de uma PPP, uma parceria público-privada, sem um tostão de dinheiro federal. Se
as duas empreiteiras conseguiram, em razão do contrato, dinheiro da CEF, o
governo do Estado não tem nada com isso. O que se tem é a Caixa fornecendo
empréstimos a empresas privadas.
Há outras mentiras graves nas quais
Dilma insiste, de que vou tratar em outro post. Foco esses aspectos porque foi
a sua linha de argumentação na entrevista-nota oficial concedida à Band. É
fácil falar quando o interlocutor ou não está disposto a contraditar ou não
dispõe das informações técnicas “no que se refere”, como diria Dilma, ao
assunto.
Sim, escreverei um outro post sobre as
mentiras. O fundamental é chamar a atenção dos tucanos para o fato de que São
Paulo está na mira dos petistas, de que a presidente está com sede de
retaliação e de que os petistas querem se vingar do Estado, dos eleitores e dos
adversários.
*Por Reinaldo Azevedo
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