quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dilma e a inculta e bela

Uma das dificuldades da petista Dilma Rousseff é falar com clareza. Seu discurso, expressão, talvez, de um raciocínio confuso, não flui, perdendo-se em anacolutos. Falta-lhe, também, experiência. A política supõe o talento para um certo fingimento decoroso. Quando menos, é preciso afetar interesse por aquilo que diz o outro, havendo, então, a interlocução. Dilma não foi treinada nessas delicadezas da democracia… Daí o desastre que se vê.É a velha história: se Lula vai conseguir elegê-la — e, cada vez mais, depende exclusivamente dele —, não sei. Por sua própria conta, não vai dar, não. E sua equipe na Internet é capaz de enormidades.Se vocês clicarem aqui, terão acesso a uma pequena “entrevista” que a equipe da candidatura preparou para ser reproduzida em rádios Brasil afora. Como eles dizem, essas gravações serão “disponibilizadas” (que medo desssa gente!!!) de segunda a sexta. Até aí, vá lá!!!Mas custava a falsa entrevista trazer um pouquinho de verdade? O que quero dizer com isso? O “entrevistador” poderia ENSAIAR BASTANTE para que a sua indagação simulasse espontaneidade, e Dilma poderia fazer o mesmo para passar a impressão de que participa, realmente, de uma conversa.Ouçam a gravação. É um troço patético. Dilma LÊ A RESPOSTA aos soquinhos, como um ginasiano não muito habituado a tal prática. Todos sabem que as pausas e a entonação da fala não correspondem às da leitura, e são elas a nos indicar a diferença entre uma coisa e outra. Na TV, profissionais treinados conseguem fazer uma coisa PARECER outra. Convenham: Dilma deveria ter assimilado os dados essenciais da resposta redigida pela assessoria e criado a sua própria fala. Acontece que é aí que mora o perigo! Mas isso é pouco.Ouvimos Dilma dizer: “Não vamos tampar o Sol com a peneira”.“Não! Não vamos”, pensei! Jamais!!! Além de impossível (fosse assim, a gente TAMPAVA com uma rolha aquele vulcão que cospe consoantes da Islândia), a formulação agride a “inculta & bela”. De hábito, as pessoas TAPAM o sol: com uma sombrinha, um jornal, uma blusa, até mesmo com as costas da mão voltadas para o Sol e com a palma posta quase em concha à altura das sobrancelhas… Quando se afirma, sobre uma tentativa inútil de esconder a realidade ou mesmo uma asneira, ”tapar o Sol com a peneira”, está-se a dizer, e é este o sentido da metáfora, que os raios do Astro Rei atravessam os furinhos da peneira, entendem? Pode-se tampar a chaleira, a panela, até a boca… Mas o Sol só pode ser TAPADO.Pensei: “Essa Dilma precisa estudar mais, uai”. Ocorre que o site também “disponibiliza” (minha Nossa Senhora de Forma Geral!!!) o texto. O pecado não é, originalmente, da candidata. Seu erro foi ler o que estava escrito. E está escrito lá: “TAMPAR o sol com a peneira”.Uzamericânu que cuidam da campanha de Dilma entendem, consta, de campanha na Internet. O problema é que o professor de gramática deve ser Marcelo Branco.Não dá para tapar o sol com a peneira. Essa gente anda um tanto atrapalhada! E Branco já está fazendo história.
*Li no blog do Reinaldo Azevedo

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