Entrevistas com políticos são quase sempre falsas, como quase sempre falsos são os políticos. Eles falam o que querem. E quando não querem, fogem dos temas e, por mais preparado, um repórter acaba refém de respostas mentirosas ou pela metade. Os jornais, porém, sempre pautaram o ping — que, no jargão jornalístico, é o recurso de usar perguntas e respostas no papel. As entrevistas acabam se transformando num martírio para o leitor. Há exceções.
E uma dessas exceções ocorreu na quarta-feira, na entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Correio. Nela, Lula antecipou como iria rifar Ciro Gomes. Mas fiquemos com Ciro, o homem-bomba, que ontem explodiu. Na terça-feira, o dia em que Lula concedeu a entrevista ao jornal, Ciro ainda era uma bomba a ser desarmada. Ao ser questionado sobre o deputado do PSB, o presidente foi claro: “Pretendo conversar com Ciro na medida em que a direção do PSB entenda que já é o momento”. O plano partidário foi colocado em prática na manhã de quinta-feira. Deu tudo errado. Ciro, que cada vez menos frequenta Brasília, saiu da cidade irritado, pegou o primeiro voo em direção a São Paulo. Irritado, prestes a explodir. Lula sabia que isso iria acontecer, por isso mandou o PSB na frente.
O problema é que quando precisou de Ciro, Lula pediu pessoalmente para ele transferir o título para São Paulo. O deputado não queria, mas concordou. Na entrevista ao Correio, entretanto, Lula disse “ter achado interessante quando ele (Ciro) transferiu o título para São Paulo porque era uma “probalidade”. Veja bem, Lula não achou apenas “interessante”, o petista queria Ciro candidato a governador para infernizar a vida do tucano José Serra. Não conseguiu. Porque o homem-bomba queria a Presidência. O curioso é que no momento em que era necessário informar a Ciro sobre a saída da corrida eleitoral, Lula enviou interlocutores. Imagine você — minha senhora, meu senhor — ter um amigo que, na hora de pedir um favor, o procura pessoalmente, mas no momento de informar sobre a impossibilidade de convidá-lo para uma festa manda uma terceira pessoa.O problema para Lula é que todo mundo sabe que Ciro não vai ficar simplesmente calado. Vai atacar, como ameaçou ontem mesmo, antes do raiar do dia. Reportagem apontou que Ciro já começava a mandar recados para Lula, Dilma e o PMDB. “Lula está navegando na maionese”, disse Ciro. “Ele está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidenta da República. Pior: ninguém chega para ele e diz: ‘Presidente, tenha calma’. No primeiro mandato eu cumpria esse papel de conselheiro, a Dilma, que é uma pessoa valorosa, fazia isso, o Márcio Thomaz Bastos fazia isso. Agora ninguém faz.” Resumo da história. Lula avisou o que iria fazer, achou que iria dar certo. Deu no que deu. Ciro está longe da disputa ao Planalto, mas não do calcanhar de Dilma.
E uma dessas exceções ocorreu na quarta-feira, na entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Correio. Nela, Lula antecipou como iria rifar Ciro Gomes. Mas fiquemos com Ciro, o homem-bomba, que ontem explodiu. Na terça-feira, o dia em que Lula concedeu a entrevista ao jornal, Ciro ainda era uma bomba a ser desarmada. Ao ser questionado sobre o deputado do PSB, o presidente foi claro: “Pretendo conversar com Ciro na medida em que a direção do PSB entenda que já é o momento”. O plano partidário foi colocado em prática na manhã de quinta-feira. Deu tudo errado. Ciro, que cada vez menos frequenta Brasília, saiu da cidade irritado, pegou o primeiro voo em direção a São Paulo. Irritado, prestes a explodir. Lula sabia que isso iria acontecer, por isso mandou o PSB na frente.
O problema é que quando precisou de Ciro, Lula pediu pessoalmente para ele transferir o título para São Paulo. O deputado não queria, mas concordou. Na entrevista ao Correio, entretanto, Lula disse “ter achado interessante quando ele (Ciro) transferiu o título para São Paulo porque era uma “probalidade”. Veja bem, Lula não achou apenas “interessante”, o petista queria Ciro candidato a governador para infernizar a vida do tucano José Serra. Não conseguiu. Porque o homem-bomba queria a Presidência. O curioso é que no momento em que era necessário informar a Ciro sobre a saída da corrida eleitoral, Lula enviou interlocutores. Imagine você — minha senhora, meu senhor — ter um amigo que, na hora de pedir um favor, o procura pessoalmente, mas no momento de informar sobre a impossibilidade de convidá-lo para uma festa manda uma terceira pessoa.O problema para Lula é que todo mundo sabe que Ciro não vai ficar simplesmente calado. Vai atacar, como ameaçou ontem mesmo, antes do raiar do dia. Reportagem apontou que Ciro já começava a mandar recados para Lula, Dilma e o PMDB. “Lula está navegando na maionese”, disse Ciro. “Ele está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidenta da República. Pior: ninguém chega para ele e diz: ‘Presidente, tenha calma’. No primeiro mandato eu cumpria esse papel de conselheiro, a Dilma, que é uma pessoa valorosa, fazia isso, o Márcio Thomaz Bastos fazia isso. Agora ninguém faz.” Resumo da história. Lula avisou o que iria fazer, achou que iria dar certo. Deu no que deu. Ciro está longe da disputa ao Planalto, mas não do calcanhar de Dilma.
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