quarta-feira, 31 de março de 2010

‘O rolo compressor vem aí, ainda nem começou’

-Foto Marcello Casal/ABr
Durval Barbosa, o ex-secretário do GDF que implodiu o panetone de José Roberto Arruda, prestou depoimento à CPI da Câmara Legislativa de Brasília. Munido de habeas corpus que o autorizava a manter o bico fechado, Durval não respondeu às perguntas. Disse o que bem quis. Deixou boiando no ar uma frase que ecoou como ameaça: “Se preparem, o rolo compressor vem aí, ainda nem começou”. Durval deve saber do que fala. Frequentou a podridão por dentro. Registrou-a numa impressionante sequência de vídeos. Apenas uma ínfima parte da cinemateca de Durval veio à luz. A Polícia Federal e o Ministério Público manuseiam o resto. Instado a abrir mão do habeas corpus do silêncio, Durval respondeu negativamente. Soou como se não confiasse nos inquisidores. "Já prestei mais de 40 depoimentos a entidades em que realmente confio”.
Convidou os deputados a ouvir quem realmente importa: “A sociedade está ansiosa para ouvir o [José Roberto] Arruda, o P.O. [ex-vice-governador Paulo Octávio], os assessores e deputados envolvidos”. Durval explicou porque acendeu o pavio que detonou o escândalo: “Tive coragem de me autoincriminar porque não aguentava mais os achaques do Arruda, do Paulo Octávio e de quem mais tinha alguma coisa a ver”. Meia verdade. Durval levou seus vídeos ao ar porque responde a três dezenas de processos por corrupção. Enxergou na delação premiada um escudo. A pedido de um deputado, Durval ratificou na CPI o teor de todos os depoimentos que já prestou à PF, ao Ministério Público e à Justiça. Um par de deputados realçou o fato de que Durval presta um “serviço à sociedade” ao colaborar com os investigadores. E Durval: "Nunca vou me orgulhar disso. Hoje sou um preso mais preso do que quem está encarcerado". Também nesta terça (30), um amigo de Durval, o jornalista Edson Sombra, prestou depoimento à Polícia Federal. Sombra é aquele personagem que Arruda e Cia. haviam tentado subornar. Uma tentativa que tornou o ex-governador hóspede do PF’s Inn. À saída, Sombra disse aos repórteres que, em meio ao andamento do inquérito do panetonegate, ainda há pessoas “achacando na cara de pau”. Não deu nome à boiada. Apenas insinuou que os mugidos viriam de políticos e empresários. “Alguns ainda estão no poder”, declarou. Sombra disse que vem sendo vítima de ameaças. Alegou que vai “deixar para o tempo correto” a revelação dos nomes dos autores. Deu de ombros: "Podem ameaçar porque quem nasce um dia tem que morrer". Como se vê, a Brasília de Arruda não é propriamente uma cidade. Foi convertida numa gigantesca Cosa Nostra. Ao completar 50 anos de vida, a Capital da República começa a entrar na Idade Média. Quem venha o “rolo compromessor”.
* Li no blog do josias de souza

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