quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Deu a louca no senado que disse sim a Chávez

Lula humilha-se diante de Chávez. È lamentável um presidente assim.
Por 35 votos a 27, o senado brasileiro aprovou o ingresso da Venezuela no Mercosul. Agora falta apenas a concordância do Parlamento paraguaio, onde a reputação de Hugo Chávez não é lá essas coisas. O governo Lula patrocina essa aproximação e marca mais um encontro com a confusão. Onde quer que Chávez se meta, o que se tem é desagregação, retórica beligerante e, cada vez mais, proximidade com o perigo.
Alguns senadores no Brasil deram aquele votozinho hipócrita: dizem ter-se pronunciado a favor do ingresso da Venezuela, não de Chávez. Entendo… Se, nas democracias, pode se fazer a distinção entre o país e o governante, nas ditaduras e regimes autoritários, isso não é possível — ou é: trata-se de colaboração com o ditador. O mais entusiasmado defensor de Chávez, ontem, foi o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Um gigante!
Hillary Clinton mandou um duro recado aos países da América Latina que se aproximam do Irã. É claro que o primeiro alvo é a Venezuela. O outro é o Brasil. Não falava por falar. A proximidade do Bandoleiro de Caracas com o regime de Teerã já é mais do que isso: trata-se de uma parceria com potencial literalmente explosivo. E é isso o que o Brasil está trazendo para o Mercosul.
No Wall Street Journal de ontem, o colunista Bret Stephens evidenciou uma proximidade mais perigosa do que habitualmente se imagina entre Chávez e Ahmadinejad, o que explica a fala surpreendentemente dura de Hillary. Com uma ironia ao ponto, ele observa: “Hugo Chávez e Ahmadinejad vão se encontrar na Cúpula do Clima em Copenhague. Diga-se o que se disser desses dois gentlemen — apoio a terroristas, negação do holocausto, supressão de liberdades civis —, ninguém poderá acusá-los, no entanto, de negadores do aquecimento global“. Perfeito!
Sem ignorar o lado farsesco da coisa, o articulista lembra que os dois presidentes estiveram juntos em Caracas no mês passado — 11ª encontro — cuidando, como sempre, de programas ambientalmente corretos e que emitem pouco carbono. “Bicicletas, por exemplo”. Em 2005, Chávez estimulou seu país a produzir bicicletas iranianas. Um laticínio, também iraniano, foi construído na fronteira com a Colômbia. Em território dominado pelas Farc. Sem dúvida, uma ação de grande sensibilidade ecológica.
Em Ciudad Bolívar, há uma fábrica iraniana de tratores. Em janeiro, a Associated Press noticiou que autoridades turcas apreenderam 22 contêineres a caminho da Venezuela, vindos o Irã, com o seguinte rótulo: “Peças de trator”. Segundo um oficial turco, eles continham material suficiente para montar um laboratório de explosivos. FOI A FAVOR DISSO QUE OS SENADORES BRASILEIROS VOTARAM ONTEM.
A aventura mais interessante do Irã no Venezuela, escreve Stephens, é uma suposta mina de ouro que fica perto de Salto del Angel (ver o primeiro mapa), na área conhecida como Bacia Roraima, quase na fronteira com a Guiana, onde a empresa canadense U308 afirma ter descoberto uma reserva de urânio (ver terceiro mapa) semelhante à da Bacia Athabasca, no Canadá, considerada a maior do mundo. Nota à margem: isso tudo fica ali pertinho da reserva Raposa Serra do Sol (ver segundo mapa), aquela dos índios telúricos de Ayres Britto, onde também existe urânio. Em 2006, Chávez chamou de “mentirosa” a acusação da cooperação nuclear entre Irã e Venezuela. Há três meses, o governo admitiu a cooperação técnica do Irã para procurar… urânio!
*Li no blog do Reinaldo Azevedo

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