Desespero e fome faz com que milhares de venezuelanos
venham ao Brasil.
Uma invasão. Essa é a cena constante da cidade de
Pacaraima, em Roraima. A cidade faz divisa entre o Brasil e aVenezuela. As lojas locais tem filas na portas e gente com
bolos de dinheiro nas mãos. São venezuelanos, que com fome e em apuros pegam
tudo o que tem em busca de uma cesta básica. Os produtos são vendidos a preços
parecidos com o do Brasil, mas a desvalorização da moeda local é tão grande que
para fazer compras só mesmo com um saco de dinheiro, sem nenhum exagero. O
câmbio paralelo, que é o mais usado na crise, tem um dólar valendo cerca de
1.005 bolívares, moeda local. O governo de Nicolás Maduro nega e diz que para
itens vitais, como comida, um dólar vale dez bolívares. O problema é que
ninguém tem vendido nada por esse preço à Venezuela, o que explica a multidão
invadindo os países vizinhos para comer.
Muitas encontram preconceito. Até fazem suas compras, mas
tem resistência de moradores locais. "Voltem para a terra do
comunismo", costumam ouvir diariamente. É como se o sonho plantado por
Hugo Chávez começasse a acabar. Muitos tem medo de deixar tudo, como casa e
família, especialmente porque a Venezuela é um país bastante fechado e
constantemente decide fechar suas fronteiras. Até mesmo para receber ajuda
humanitária é complicado. O governo chegou a negar ajuda de alguns países,
mesmo vendo sua população com fome e doente, pois remédios também não são
encontrados mais nas farmácias.
Nos últimos dois meses, a situação na fronteira entre o
Brasil e a Venezuela só piorou. As viagens entre os dois países chegam a durar
dois dias. Por isso, quem vem compra tudo o que dá. São pessoas sentadas em
cima de fardos de comida, que serão divididas entre muitos parentes. O governo
local não permite a revenda dos itens, mas é difícil dizer se eles não serão
vendidos no país, que passa pela fome. Mesmo viajando até o Brasil, os
venezuelanos chegam a encontrar prateleiras vazias por aqui. Isso porque a
procura é muito grande, prejudicando também a população local, que precisa se
planejar para comprar.
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