Para evitar
confronto em fazendas ocupadas por indígenas na região sul, o Governo do Estado
solicitou a presença do Exército Brasileiro. Em reunião com produtores rurais e
autoridades, nesta manhã, o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo
Riedel, disse que a preocupação é com a soberania nacional, em vista de relatos
de produtores de que indígenas paraguaios fazem parte do movimento, que os
índios classificam como “retomada” e inclui 95 propriedades em MS, contando com
a fazenda Primavera, em Antônio João, ocupada no fim de semana.
O governador
Reinaldo Azambuja (PSDB) conversou com o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, depois de solicitação do senador Waldemir Moka (PMDB). “O ministro
disse que só poderia mandar o Exército com autorização do Governo do Estado.
Então eu coloquei eles em contato e por telefone o governador fez essa
solicitação. Isso se trata de invasão, pois ocupação é um termo para
propriedades que não estão sendo usadas e não é o caso das fazendas de
produtores que estão há anos ali”, disse Moka.
Segundo
Riedel, o empenho do governo para resolver a questão e evitar conflitos é no
sentido de articulação junto a bancada ruralista para aprovação da PEC 71
(Proposta de Emenda à Constituição), que prevê indenização, pela terra nua e
benfeitorias, a proprietários de áreas declaradas terras indígenas.
“As
invasões afetam não só a produção, mas o ambiente institucional, a democracia,
pois há relatos de que índios do Paraguai estão vindo também. Na segunda-feira,
o governador fará reunião com o Exército e a Polícia Federal, porque a polícia
do MS está presente, mas precisamos de reforço”, disse.
Para
os produtores e deputados que apoiam a indenização das terras, o grande
problema é a omissão do Governo Federal em relação a causa. A deputada estadual
Mara Caseiro (PTdoB) esteve na reunião, que contou com representantes de 53
sindicatos rurais, na sede da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de
Mato Grosso do Sul). “Já estamos angustiados, desanimados, porque tudo que
podemos a Assembleia Legislativa vem fazendo. Temos cobrado, pedido ajuda,
porque não depende só da gente, mas do Governo Federal”, disse a deputada, que
pretende propor uma CPI (Comissão de Inquerito Parlamentar) para apurar o apoio
do Cimi (Conselho Indiegnista Missionário) no movimento de retomada de
terras.
Manifestação - Proprietários rurais e caminhoneiros bloquearam, em dois pontos,
a MS-384, ontem (27) para chamar a atenção dos governantes para a situação,
agravada com a ocupação da fazenda Primavera.
A
área dos guarani-kaiowá em Antônio João foi homologada em 2005 pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de duas décadas de reivindicação,
mas o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a homologação e o caso está
parado há 10 anos. Conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os
índios já ergueram acampamentos nas fazendas Primavera, Pedro, Fronteira, Barra
e Soberania.
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