Na saída da Sorbonne, a universidade Paris I, onde fez uma palestra, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, rebateu críticas por ter entrado de férias deixando pendente o mandado de prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado por envolvimento no esquema do mensalão.
“Assinei a decisão às 18 horas e saí de casa à 1 hora da manhã para pegar o meu voo”, disse. O presidente do Supremo Tribunal Federal explicou que ordem de prisão só pode ser efetivada depois de divulgada e feitas as comunicações ao Congresso e ao juiz da Vara de Execuções.
Como Barbosa já estava fora do país, o mandado deveria ter sido assinado por sua substituta, a ministra Carmem Lúcia e agora, por Ricardo Lewandowski que também assumiu a presidência de forma interina. Indagado pelo Blog de Paris o que teria feito se estivesse na posição dos colegas, Barbosa foi categórico: “O condenado ganhou quase um mês de liberdade a mais. Eu, se estivesse como substituto, jamais hesitaria em tomar a decisão.”
Sobre o fato de receber diária do STF no valor de no valor total de 14.142,60 reais para ministrar palestras no exterior, Barbosa disse o seguinte: “Qualquer servidor público que se desloca a serviço do seu país recebe diárias.” E arrematou, mais para frente, sobre o mesmo assunto: “Isso é bobagem.”
No fundo, a sabotagem da ala petista dos ministros do STF para minar Joaquim Barbosa decorre da inveja monumental da notável popularidade que presidente conquistou de forma inédita no Brasil. Qual entre eles teria a coragem de enfrentar a resistência com a franqueza e, de certa forma, fidalguia, do atual presidente do Supremo? A resposta é inapelável: nenhum.
Diferentemente, da vasta maioria das autoridades brasileiras que passam por Paris, Barbosa não corre. Ele manda o motorista parar o carro. Desce e vem falar de peito aberto com os correspondentes. Responde as perguntas. Em 23 anos na França, posso assegurar que é a atitude rara quando se trata de autoridades brasileiras. A maioria esconde, corre e faz que não viu.
A embaixada, morre de medo, e corrobra. Eles ainda não aprenderam que notícia não é divulgação que jornalista não é publicitário, não faz propaganda. Estão mais preocupados com suas carreiras. Querem agradar os poderosos. Querem tirar algum proveito. Perguntei ao motorista da embaixada, uma coisa simples: “Daqui o presidente do STF vai para o Ministério da Justiça? O português mente descaradamente: “Não sei”. Claro, que sabe. Como o motorista não sabe onde vai levar seu cliente na próxima corrida?
Entre a palestra na Sorbonne e o encontro com a ministra da Justiça da França, Christiane Taubira-Delannon, de origem guianesa, Barbosa aproveitou o tempo livre das férias para fazer compras nas Galeries Lafayette. O presidente do STF examinou pastas de bolsas de couro e gravatas. Barbosa participou de um jantar em sua homenagem oferecido por Jean-Louis Debré, o presidente do Conselho Constitucional, a mais alta corte da França.
* http://veja.abril.com.br/blog/de-paris/
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