Depois
de Luiz Inácio Lula da Silva submeter Fernando Haddad, o prefeito Coxinha de
São Paulo, a uma humilhação, dando-lhe uma aula, e a seus secretários, de
governança, chegou a vez de o Apedeuta dizer a Dilma Rousseff como se dança o
baião. E ele faz isso hoje, num seminário promovido pelo instituto que leva o
seu nome. O Apedeuta comanda um encontro sobre política externa que reúne,
entre outros, o ministro da Defesa, Celso Amorim; o assessor especial da
Presidência Marco Aurélio Garcia e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Os
intelectuais petistas, este delicioso oximoro, estarão no gargarejo. Há ainda
alguns convidados estrangeiros. A grande estrela do evento, e nem poderia ser
diferente, é o próprio Lula.
É
evidente que se trata de mais um despropósito deste senhor. Não por acaso, um
dos destaques do encontro deve ser Amorim, que agora está na Defesa, depois de
liderar o Itamaraty nos oito anos de governo do Babalorixá de Banânia.
Tornou-se um lulista fanático. O antes diplomata de carreira fez-se político e
acabou se filiando ao PT. Nas conversas que mantém, também ele gosta de exaltar
sua origem humilde. Não para emular com o chefe, que isso não pode!, mas para
ser digno…
Amorim
é o principal responsável por uma das políticas externas mais asquerosas de
nossa história. Sob sua gestão, o estado brasileiro evitou condenar na ONU
alguns notórios carniceiros, mas votou sistematicamente contra Israel, por
exemplo, que é uma democracia — sob ataque cotidiano, destaque-se. Foi sob o
seu comando que o governo brasileiro tentou aquele estupefaciente acordo com o
Irã, lembram-se? A coisa foi tão patética que até os iranianos tiveram de vir a
público para anunciar que não existia entendimento nos termos alardeados pelo
Itamaraty. Não! O Ministério das Relações Exteriores não mudou muito com a
saída de Amorim. Em muitos aspectos, até piorou. É que se instituiu por lá uma
cultura…
Pois
bem: agora titular da Defesa, Amorim vai para o seminário para receber algumas
instruções do Iluminado. Lula até poderia fazê-lo privadamente, mas isso não
deixaria claro, como ele pretende, quem, afinal de contas, está no comando da
máquina partidária, que vai tocar a campanha de Dilma à reeleição. Amorim pode
não saber a diferença entre um tanque de guerra e um punho de renda, mas é o
ministro da Defesa. Formalmente, é o chefe dos comandantes militares. Isso
significa render nada menos do que as Forças Armadas a um líder de facção.
Alguém
pode imaginar o Secretário de Defesa dos EUA, por exemplo, a participar de um
seminário, como aprendiz, de um chefete partidário? Não nos damos conta do
absurdo da situação — desta ou do evento ocorrido em São Paulo — porque ele já
começa a fazer parte da rotina, já começa a ser um nosso conviva.
Não
menos intrigante é a presença de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, num
encontro dessa natureza. Por quê? Coutinho é o hoje o todo-poderoso de uma
instituição que tem sido o esteio do, como chamarei?, “modo de produção
petista”. Se a Petrobras já foi a grande caixa-preta do país — não quer dizer
que tenha se tornado mais transparente —, o BNDES lhe tomou o lugar. O banco
tem sido usado não como fonte de fomento do desenvolvimento, mas como
instrumento de gestão. E com o resultado — péssimo! — conhecido. Não é preciso
ser muito bidu para constatar que o banco é também um instrumento de cooptação
daquilo que Lula chamava antigamente “a Dona Zelite”.
Conspiração?
Estaria eu aqui a sugerir alguma conspiração entre Lula, Amorim, Coutinho e outros que vão lá babar na gravata? Besteira! A questão é de outra natureza. Trata-se de saber quem governa o país: as instituições ou um ente de razão que se situa acima das leis e à margem do estado. Se o BNDES e, na prática, as Forças Armadas vão lá prestar vassalagem a Lula, quem não vai?
Estaria eu aqui a sugerir alguma conspiração entre Lula, Amorim, Coutinho e outros que vão lá babar na gravata? Besteira! A questão é de outra natureza. Trata-se de saber quem governa o país: as instituições ou um ente de razão que se situa acima das leis e à margem do estado. Se o BNDES e, na prática, as Forças Armadas vão lá prestar vassalagem a Lula, quem não vai?
A busílis, obviamente, é político e cobra,
como tantos outros, uma resposta da oposição — daqueles que falam em seu nome.
Mas também isso será deixado de lado, como todo o resto. “Que mal há em
participar de uma seminário, afinal de contas?”, vão se indagar alguns. A
oposição, como vocês sabem, se prepara para atuar na hora certa, que é… quando
mesmo???
*Por Reinaldo Azevedo
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