É muito tardia – pois surge só no apagar das luzes do governo Lula, quando o uso do tom eminentemente político na discussão do tema não tem mais a utilidade que teve ao longo da campanha eleitoral – a advertência do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, de que a exploração do petróleo da camada de pré-sal exige cautela. Mas ela é pertinente. Toda a cadeia produtiva do setor petrolífero trabalha no limite da sua capacidade e, se o governo decidir acelerar os projetos do pré-sal, a indústria nacional não terá condições de atender à demanda adicional, o que exigirá importações em grandes volumes e valores, intensificando o risco de desindustrialização do País, disse ele ao jornal Valor.
A advertência de Gabrielli é a primeira demonstração clara de que, passada a obsessão eleitoral que contaminou a administração petista, a diretoria da Petrobrás começa a recolocar os pés no chão.
Tendo o Congresso aprovado os projetos que definem o marco regulatório para a exploração do pré-sal, que institui o regime de partilha da produção em substituição ao regime de concessão e cria o fundo social – há dúvidas sobre a repartição dos royalties, pois a fórmula aprovada pelos parlamentares deve ser vetada pelo presidente da República -, e livre da pressão eleitoral, Gabrielli deixou claro que há uma tensão para a definição da velocidade dessa exploração.
*Texto extráido do editorial do Estadão
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