terça-feira, 15 de junho de 2010

Tuma Junior é exonerado

Foto Jamil Bittar/Reuters
De Tathiana Barbar, na Folha:
O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, suspeito de envolvimento com o chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, acusado de contrabando, foi exonerado do cargo nesta segunda-feira. Ele estava de férias e retornou hoje ao trabalho.
Segundo o Ministério da Justiça, estando fora do cargo, Tuma Júnior poderá melhor promover sua defesa no caso.
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, encaminhou hoje ao Planalto o ato de exoneração. Tuma Júnior responde a três procedimentos apuratórios junto à Comissão de Ética da Presidência da República, junto ao próprio ministério e à Polícia Federal.
Em nota, o ministério destaca os "relevantes trabalhos" prestados por Tuma Júnior à frente da Secretaria Nacional de Justiça.
Investigação da PF mostra que há suspeitas de que o secretário ajudou Paulo Li a regularizar a situação de imigrantes ilegais e interveio para liberar mercadoria apreendida. Nas gravações, Tuma Jr. trata da compra de um celular e de videogame. Li foi assessor de Tuma Jr. quando ele era deputado estadual.
Em entrevista à Folha, Tuma Jr. disse que a investigação da PF cometeu abusos. "Não da PF, mas de pessoas da PF. Fui investigado e chegou-se à conclusão que eu não deveria ser denunciado. O caso foi arquivado", afirmou.
Ele disse que o caso foi encerrado no ano passado e voltou à tona por causa de seus ataques ao crime organizado. A reportagem não conseguiu localizar Tuma Jr. hoje para comentar a exoneração.
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No Estadão:
Ressentido com a demissão, que tentava reverter a todo custo, o secretário saiu atirando. Ele disse que foi alvo de arbitrariedades da Polícia Federal, atribuiu sua desgraça à conspiração de setores mafiosos incomodados com sua atuação, acusou o governo de agir com "covardia política" e deu a entender que haverá troco. "A verdade virá à tona! Vão surgir fatos que vocês vão se arrepiar, aguardem!", disse. Tuma disse que é amigo do ministro. "Ele é meu amigo e está tão amargurado quanto eu", disse Tuma, negando que o termo "covardia política" era destinado ao ministro.
Tuma disse que, agora, sem as amarras éticas de estar à frente de um cargo de confiança, vai se defender e mandou um aviso aos setores do governo que, a seu ver, contribuíram para sua queda. "Minha história de vida, do meu pai e minha família, ninguém vai manchar", afirmou. O secretário explicou que contrariou interesses à frente do cargo e, como garantiu, ele é que teria sido vítima "da verdadeira máfia". Indagado a quem se referia, o secretário evitou citar nomes, mas registrou que "tem muita gente envolvida, políticos também". E insistiu, enigmático: "Vocês verão coisas cabeludas! Confio na justiça, o tempo vai restabelecer a verdade".

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