Honduras é um bom exemplo para desmoralizar a fantasia estúpida — que mente para os leitores — segundo a qual o Brasil opera a sua política externa em consonância, e passos combinados!, com os EUA. Por quê? O Brasil apresentou a proposta de adiar por 15 dias a eleição naquele país, marcadas para o próximo dia 29. “Exige” a reinstalação de Manuel Zelaya. O Departamento de Estado dos EUA disse não e se irritou. É claro que o Brasil não precisa seguir os passos de Washington; é livre para fazer o que quiser. O problema é que ele também não pode passar a fazer, agora, sempre o contrário do que querem os EUA — porque isso também seria uma forma de subordinação. A proposta, como vocês devem supor, é de Celso Amorim - e, pois, de Luiz Inácio Lula da Silva. É incrível como o Brasil, nesse seu protagonismo destrambelhado, que pretende exibir independência, não dá a menor bola para a realidade objetiva de um outro país e se mete em seus assuntos internos com uma desfaçatez impressionante. Imaginem a crise que implicara um adiamento do pleito… E por que a insistência? Porque Amorim fez mais uma bobagem e agora pretende forçar a história a cumprir as suas profecias, entenderam? Os hondurenhos que se danem! Ele não está nem aí. O Brasil sobrou com o chapeludo na mão e não sabe o que fazer. Não basta querer ser líder; é preciso poder ser líder. Não basta poder ser líder; é preciso SABER ser líder. Essa gente não sabe. A política externa brasileira, hoje, limita-se a medir forças com os EUA no continente — e a ambição é fazê-lo em âmbito mundial, como deixa clara a visita de Ahmadinejad… É, vai ver somos o império do futuro, né? É por isso que o sol sempre está iluminando uma base militar brasileira onde quer que esteja nascendo… O mais constrangedor nem é essa posição estúpida do governo brasileiro, mas a falta de senso de ridículo. E, obviamente, seu amor por ditaduras, ditadores e bandoleiros. NOTA - Roberto Micheletti cumpriu todas as partes do acordo feito com a turma de Zelaya. E este acordo não previa data para o Congresso votar a restituição — tampouco previa que os parlamentares eram obrigados a dizer “sim”. Mas o Brasil agora deu para considerar que textos de acordo e constituições não valem mais nada.
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