quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sérgio Cabral e os otários

...e o Rio de Janeiro enterra seus mortos...
Foto: O Globo
Já são mais de 300 mortos no Rio.
Não vou ficar fazendo “jornalismo papa-defunto”, a exemplo do Partido da Imprensa Petista, que tentou matar afogado o prefeito Gilberto Kassab, recuando depois que o Rio de Sérgio Cabral decidiu provar, mais uma vez, que, em matéria de tragédia, não tem pra ninguém.
Reportagem da Folha de hoje mostra que a Defesa Civil do estado ignorou alerta do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) sobre chuvas fortes. Foi emitido às 16h23 de anteontem. O órgão estadual diz ter levado em conta a informação do Simerj (Serviço de Meteorologia do Estado do Rio), que não previu os temporais.
Bem, providência número um: DEMITIR TODO MUNDO DO SIMERJ.
É claro que eles não são responsáveis pela tragédia. Só não sabem fazer o seu serviço. Mas sigamos.
Ainda que a Defesa Civil tivesse considerado a informação do Inmet, não haveria tempo para muita coisa. Mesmo que cada município da região serrana do Rio saísse com um megafone pedindo que moradores de áreas de risco deixassem suas casas, a maioria não deixaria.
Fica caracterizada uma certa desídia? Fica, sim. Mas convenhamos: irrelevante para o caso quando se considera o tamanho da tragédia.
Tragédia que vai se repetir no ano que vem se chover o mesmo que choveu agora - ou, o que é ainda mais apavorante, talvez nem precise ser o mesmo: ninguém sabe quanta água é necessária para que a terra comece a se liquefazer; e se bastar a metade?
É preciso admitir que haverá mais mortes no ano que vem. Cumpre ao poder público atuar para diminuir as ocorrências. E então vem a pergunta realmente pertinente: o que foi feito em um ano com esse propósito? Praticamente nada! No máximo, o ausente governador Sérgio Cabral deu uma declaração ao jornal O Globo, destacada ontem no Jornal Nacional, condenando as ocupações irregulares.
Entendo… Apenas um homem sensato!!!
Não obstante, a campanha eleitoral de Dilma Rousseff e do governador deram a entender que tudo estava resolvido. O Rio, na discurseira lulista-dilmista-cabralina, parecia ter atingido o nirvana da administração pública. O estado nos foi oferecido como exemplo de administração séria, responsável, eficiente. Mais do que isso: a então candidata petista o tratava como exemplo a ser seguido.
Reitero: dada a realidade das ocupações irregulares, ocorrências dramáticas são inevitáveis. A questão é saber o que de fato se fez em um ano para minorar os estragos e preservar vidas.
A resposta é esta: produziram-se discursos e mistificações.
E ai de quem ousasse evidenciar que as coisas não eram bem como pareciam ser: o governador Sérgio Cabral chamava o crítico de “otário”, como bem sabe o jovem Leandro.
De fato, somos todos uns otários: uns são otários vivos; outros, infelizmente, já são otários mortos.
*Texto por Reinaldo Azevedo

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