Coerentemente incoerente, o Brasil parido pelo equívoco hostilizou os civilizadores holandeses para manter-se sob o jugo do império português, o Brasil amalucado teve como primeira e única rainha uma doida de hospício, o Brasil da safadeza acolheu o filho da rainha que roubou a matriz na vinda e a colônia na volta, o Brasil preguiçoso foi o último a abolir a escravidão, o Brasil sem pressa foi o último a virar República, o Brasil carnavalesco transformou a própria História num tremendo samba do crioulo doido.
O cortejo dos presidentes, ministros, senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores aberto em 1889 informa que a troca de regime não mudou a essência da coisa: o Brasil republicano é o Brasil monárquico de terno e gravata, só que mais cafajeste. Muito mais cafajeste, informa a paisagem deste começo de século. Depois de 500 anos, os herdeiros dos traços mais detestáveis do DNA nacional promoveram o grande acerto dos amorais, instalaram-se no coração do poder e vão tornando decididamente intragável a geleia geral brasileira.
Nascido e criado sob o signo da insensatez, o país que teve um imperador com 5 anos de idade que parecia adulto é governado por um presidente que parece moleque. Com um menino sem pai nem mãe no trono, o Brasil não sentiu medo. Com um sessentão no comando, o Brasil que pensa se sente sem pai nem mãe.
*Texto de Augusto Nunes
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