sexta-feira, 9 de abril de 2010

Corrosão do caráter

Façam uma coisa: entrem no Google ou mesmo no arquivo do blog e procurem a associação de palavras “baianinho, Lula, Deus” (sem as aspas). Vocês vão ver quantas vezes “O Cara” chamou para si eventos positivos para o país, posando (Emir Sader escreveria “pousando”) como uma espécie de ungido. Segundo diz, Deus decidiu “ajudar aquele baianinho”. Vale dizer: Lula se coloca como uma espécie de intercessor entre o Altíssimo e os homens. É freqüente ele associar a sua própria figura à do Cristo — sem o sacrifício, naturalmente. Lula quer mesmo é vida boa e mansa, nada de cruz. Por causa de 30 dias na cadeia — onde, felizmente, foi tratado de modo digno —, recebe uma pensão mensal de R$ 6 mil. Nota: no tempo em que passou preso, jamais deixou de receber salário. Mas volto. As coisas boas são obras que Deus concedeu a Lula. E as más? Bem, aí é Deus irado com os homens, né? Especialmente com aqueles que moram em áreas de risco, de onde, segundo o presidente e o governador Sérgio Cabral, insistem em não sair.Esses dois discursos, postos lado a lado, evidenciam uma abordagem asquerosa da política e da vida pública. É o que se chama “corrosão do caráter”.
*Texto de Reinaldo Azevedo

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