“Estou certo de que os tucanos, estivessem no governo, não teriam feito, NA ECONOMIA, nada muito diferente do que fizeram os petistas. Mas estou igualmente certo de que, estivessem os petistas no lugar dos tucanos em 1995, e hoje nós seríamos o mais ocidental dos países africanos.”
Terão as coisas que escrevo qualquer utilidade ou funcionalidade eleitoral? Servirão à propaganda? É claro que não! Meu texto é, digamos assim, muito complicado para se prestar a este tipo de exploração. Eles sabem que não sou o correspondente oposto a seus canalhas de serviço, que se dedicam apenas ao achincalhe e à divulgação de slogans. Não ofereço facilidades aos leitores — muito pelo contrário. O que os enfurece é saber que há quem repudie, em essência, a empulhação, a mentira, a falsificação da história. Já falarei do conteúdo do programa — inclusive de seu aspecto CRIMINOSO. Antes, quero reportar um dado que é de natureza puramente estratégica. O PT decidiu antecipar o embate eleitoral e fez um programa tão dedicado a falar mal dos outros quanto a falar bem de si mesmo. O horário político existe para que os partidos falem de suas propostas, exponham, vamos dizer, o seu horizonte utópico. Nominar o adversário, como fez o PT — citando FHC e o PSDB — corresponde a fazer campanha eleitoral. Com um TSE minimamente rigoroso, o partido seria punido. Mas isso não vai acontecer. O tom foi agressivo, reativo, como se o partido que falasse ali, afinal, não fosse aquele que dizia ter praticamente inventado o Brasil. Ora, se são tão competentes, se são tão fantásticos, a que se deve todo aquele rancor? A RESPOSTA É óbvia: as pesquisas, por enquanto, são muito desfavoráveis a Dilma, e isso começa a assustar. Vamos ao conteúdo do programa propriamente. O crime:
O PT citou uma certa pesquisa segundo a qual a população brasileira considera que o governo anterior não gostava de nordestinos e de pobres. A Constituição proíbe qualquer forma de discriminação. Acusar alguém de preconceito dessa natureza — o que é obviamente falso — constitui campanha criminosa, ainda que se atribua, como covardia adicional, a suposta informação a uma pesquisa de opinião. Isso dá um pouco a medida, E ESTAMOS APENAS NO PRIMEIRO PROGRAMA ELEITORAL (e ser ele eleitoral já é, em si, uma ilegalidade), de quais são os limites do PT. E, está claro, não há limite nenhum. O que os petistas fizeram ontem foi dar a senha de que pretendem jogar sujo. Vá lá que partidos e candidatos magnifiquem a própria obra; vá lá que exagerem nas próprias qualidades; vá lá que exerçam aquele discurso de obras inaugurais… Pode não ser um jogo muito elegante, mas ainda se está dentro das regras. Acusar o adversário de preconceito contra milhões de brasileiros é atuar fora das regras. As mentiras:
Conforme os áulicos do lulismo disfarçados de jornalistas já haviam antecipado, o programa se dedicou a comparar o governo FHC com o governo Lula, que teria sido em tudo “melhor”. Já desmoralizei essa bobagem no texto de ontem. Num raciocínio puramente lógico, FHC só poderia ter-se comparado, à época, com os governos que o antecederam, não é? Mas não o fez porque esse tipo de procedimento é coisa de vigaristas intelectuais. A primeira fala do programa já anunciava a cadeia de mentiras que se seguiria: o Brasil, em 2002, segundo os petistas, era um “país que tinha tudo, mas que não tinha nada”. Nada? Santo Deus! O país havia debelado uma inflação superior a 2.500% ao ano, havia recebido investimentos bilionários em infra-estrutura e havia estabelecido os marcos essenciais para participar da economia global. MENTIRA DO PT. E à mentira conceitual seguiram-se mentiras factuais:
- o governo anterior entregara o patrimônio nacional (estatais) por uma ninharia. Mentira do PT;
- o governo anterior era servil aos estrangeiros e gostava “de se humilhar em inglês”. Mentira do PT;
- Dilma comanda o PAC com 14 mil obras em curso. Mentira do PT;
- Está em curso a construção de 1 milhão de casas. Mentira do PT;
- Com o ProUni, a universidade deixou de ser coisa de ricos. De fato, o ProUni financia a universidade ruim do pobre. A boa continua com os ricos. Mais uma mentira do PT;
- Chegou-se ao petróleo do pré-sal em razão do trabalho deste governo e de Dilma em particular.Mentira do PT. “Ah, mas a população não acha; a popularidade do presidente…” Dispensem-se os petralhas de seguir até o fim com a frase. “A convicção da maioria não torna verdadeira uma mentira”. E a canalha me odeia porque chamo a mentira de… MENTIRA! E NÃO ME IMPORTA SE A MAIORIA ACREDITA NELA. Os totalitários não entendem isso. Haver um só que divirja da verdade oficial os deixa furiosos. E somos bem mais do que um, eles sabem disso. Lula e Dilma:
O programa teve apenas dois personagens: Lula e Dilma. Ele, claro, exaltado como um Deus, a ponto de, com generosidade tipicamente lulista, ter dito a frase-símbolo do programa: “Tem gente que pensa que eu faço tudo sozinho”. Por que será? Não, ele disse, há uma equipe. E a comandante é Dilma Rousseff. Pronto! Apareceu a candidata. Não sou o telespectador médio; vi o programa com interesse profissional, jornalístico. Não me tomo como padrão. A mim me pareceu que ela não leva jeito nem com um banho publicitário: dura demais, artificial demais, travada demais. E, acima de tudo, subserviente demais! Como não tem vida própria, como se mostra ali com a destreza de uma boneca a pilha, a única coisa que lhe resta, insistem os marqueteiros, é colar a sua imagem à do presidente Lula. Num dado momento, close na atriz involuntariamente brechtiana — que deixa claro que está representando — e a fala inevitável: “Presidente, eu penso igual ao senhor (…). O Brasil melhorou, mas, como o senhor diz, é preciso avançar mais”. É ISTO: O BRASIL TEM UM SENHOR. E DILMA, ONTEM, PARECIA A SECRETÁRIA DO SENHOR, UMA DAS IRMÃS CAJAZEIRAS DE ODORICO PARAGUAÇU. A campanha de 2006 já foi suja — com a divulgação da mentira vigarista de que Alckmin, se eleito, privatizaria a Petrobras e o Banco do Brasil. Agora, mentiras em penca sobre os outros, mentiras em penca sobre si mesmo e, reitero, o flerte com o crime. Santana soube mistificar direitinho, sem dúvida, mas entendo que ainda não conseguiu mostrar a “face humana” de Dilma. Ela permanece com aquele ar da bedel arquetípica de escola. Olho para a cara dela e sempre penso que ela vai me cobrar a “carteirinha” — de porte obrigatório no colégio em que eu estudava. Duda sabia mitigar a agressividade petista e vender apenas seu lado amoroso. Mas Lula e o PT, claro, eram outros. Agora, o demiurgo, como diria Marx sobre Luis Bonaparte, “assume a sério o seu papel imperial, e sob a máscara napoleônica imagina ser o verdadeiro Napoleão (…), o bufão sério que não mais toma a história universal por uma comédia e sim a sua própria comédia pela história universal.” Concluo:
As oposições podem se preparar. Vem guerra suja por aí. Quem se dá o direito de mentir de maneira tão soberba e desavergonhada e de acusar o adversário de um grave crime que sabe que ele não cometeu será capaz de tudo numa campanha. Os petralhas certamente estão exultantes com o que viram. Gostam da idéia de seguir um líder que saiba insultar o adversário com a mesma desfaçatez com que eles insultam os seus próprios. Já disse aqui: bronco como é, Lula lhes dá a impressão de que entendem o mundo em que vivem. A parte rendida do jornalismo dirá que o programa foi bom, que teve “pegada”, que as mentiras elencadas são todas verdades irrefutáveis e que frio mesmo foi o programa do PSDB, que optou, afinal, por não atacar ninguém. Conhecemos essa gente. Querem saber? Se o PSDB fizer a coisa certa, o próprio PT lhe deu o caminho das pedras com o programa de ontem — de que gostei bastante, por razões certamente diferentes daquelas dos petralhas. Acho que Dilma exibiu com clareza os seus limites — ela fingindo mansidão soa subserviente; se não finge, só sabe ser autoritária —, e o PT disse o que pretende: dividir o Brasil e vencer a disputa incentivando o ódio, jogando brasileiros contra brasileiros, investindo no confronto. E o Brasil precisa de quem saiba e possa uni-lo. Não de mercadores do ódio. Querem saber? Eles têm método, sim, e são organizados. Mas também são mais primitivos do que imaginam.
Terão as coisas que escrevo qualquer utilidade ou funcionalidade eleitoral? Servirão à propaganda? É claro que não! Meu texto é, digamos assim, muito complicado para se prestar a este tipo de exploração. Eles sabem que não sou o correspondente oposto a seus canalhas de serviço, que se dedicam apenas ao achincalhe e à divulgação de slogans. Não ofereço facilidades aos leitores — muito pelo contrário. O que os enfurece é saber que há quem repudie, em essência, a empulhação, a mentira, a falsificação da história. Já falarei do conteúdo do programa — inclusive de seu aspecto CRIMINOSO. Antes, quero reportar um dado que é de natureza puramente estratégica. O PT decidiu antecipar o embate eleitoral e fez um programa tão dedicado a falar mal dos outros quanto a falar bem de si mesmo. O horário político existe para que os partidos falem de suas propostas, exponham, vamos dizer, o seu horizonte utópico. Nominar o adversário, como fez o PT — citando FHC e o PSDB — corresponde a fazer campanha eleitoral. Com um TSE minimamente rigoroso, o partido seria punido. Mas isso não vai acontecer. O tom foi agressivo, reativo, como se o partido que falasse ali, afinal, não fosse aquele que dizia ter praticamente inventado o Brasil. Ora, se são tão competentes, se são tão fantásticos, a que se deve todo aquele rancor? A RESPOSTA É óbvia: as pesquisas, por enquanto, são muito desfavoráveis a Dilma, e isso começa a assustar. Vamos ao conteúdo do programa propriamente. O crime:
O PT citou uma certa pesquisa segundo a qual a população brasileira considera que o governo anterior não gostava de nordestinos e de pobres. A Constituição proíbe qualquer forma de discriminação. Acusar alguém de preconceito dessa natureza — o que é obviamente falso — constitui campanha criminosa, ainda que se atribua, como covardia adicional, a suposta informação a uma pesquisa de opinião. Isso dá um pouco a medida, E ESTAMOS APENAS NO PRIMEIRO PROGRAMA ELEITORAL (e ser ele eleitoral já é, em si, uma ilegalidade), de quais são os limites do PT. E, está claro, não há limite nenhum. O que os petistas fizeram ontem foi dar a senha de que pretendem jogar sujo. Vá lá que partidos e candidatos magnifiquem a própria obra; vá lá que exagerem nas próprias qualidades; vá lá que exerçam aquele discurso de obras inaugurais… Pode não ser um jogo muito elegante, mas ainda se está dentro das regras. Acusar o adversário de preconceito contra milhões de brasileiros é atuar fora das regras. As mentiras:
Conforme os áulicos do lulismo disfarçados de jornalistas já haviam antecipado, o programa se dedicou a comparar o governo FHC com o governo Lula, que teria sido em tudo “melhor”. Já desmoralizei essa bobagem no texto de ontem. Num raciocínio puramente lógico, FHC só poderia ter-se comparado, à época, com os governos que o antecederam, não é? Mas não o fez porque esse tipo de procedimento é coisa de vigaristas intelectuais. A primeira fala do programa já anunciava a cadeia de mentiras que se seguiria: o Brasil, em 2002, segundo os petistas, era um “país que tinha tudo, mas que não tinha nada”. Nada? Santo Deus! O país havia debelado uma inflação superior a 2.500% ao ano, havia recebido investimentos bilionários em infra-estrutura e havia estabelecido os marcos essenciais para participar da economia global. MENTIRA DO PT. E à mentira conceitual seguiram-se mentiras factuais:
- o governo anterior entregara o patrimônio nacional (estatais) por uma ninharia. Mentira do PT;
- o governo anterior era servil aos estrangeiros e gostava “de se humilhar em inglês”. Mentira do PT;
- Dilma comanda o PAC com 14 mil obras em curso. Mentira do PT;
- Está em curso a construção de 1 milhão de casas. Mentira do PT;
- Com o ProUni, a universidade deixou de ser coisa de ricos. De fato, o ProUni financia a universidade ruim do pobre. A boa continua com os ricos. Mais uma mentira do PT;
- Chegou-se ao petróleo do pré-sal em razão do trabalho deste governo e de Dilma em particular.Mentira do PT. “Ah, mas a população não acha; a popularidade do presidente…” Dispensem-se os petralhas de seguir até o fim com a frase. “A convicção da maioria não torna verdadeira uma mentira”. E a canalha me odeia porque chamo a mentira de… MENTIRA! E NÃO ME IMPORTA SE A MAIORIA ACREDITA NELA. Os totalitários não entendem isso. Haver um só que divirja da verdade oficial os deixa furiosos. E somos bem mais do que um, eles sabem disso. Lula e Dilma:
O programa teve apenas dois personagens: Lula e Dilma. Ele, claro, exaltado como um Deus, a ponto de, com generosidade tipicamente lulista, ter dito a frase-símbolo do programa: “Tem gente que pensa que eu faço tudo sozinho”. Por que será? Não, ele disse, há uma equipe. E a comandante é Dilma Rousseff. Pronto! Apareceu a candidata. Não sou o telespectador médio; vi o programa com interesse profissional, jornalístico. Não me tomo como padrão. A mim me pareceu que ela não leva jeito nem com um banho publicitário: dura demais, artificial demais, travada demais. E, acima de tudo, subserviente demais! Como não tem vida própria, como se mostra ali com a destreza de uma boneca a pilha, a única coisa que lhe resta, insistem os marqueteiros, é colar a sua imagem à do presidente Lula. Num dado momento, close na atriz involuntariamente brechtiana — que deixa claro que está representando — e a fala inevitável: “Presidente, eu penso igual ao senhor (…). O Brasil melhorou, mas, como o senhor diz, é preciso avançar mais”. É ISTO: O BRASIL TEM UM SENHOR. E DILMA, ONTEM, PARECIA A SECRETÁRIA DO SENHOR, UMA DAS IRMÃS CAJAZEIRAS DE ODORICO PARAGUAÇU. A campanha de 2006 já foi suja — com a divulgação da mentira vigarista de que Alckmin, se eleito, privatizaria a Petrobras e o Banco do Brasil. Agora, mentiras em penca sobre os outros, mentiras em penca sobre si mesmo e, reitero, o flerte com o crime. Santana soube mistificar direitinho, sem dúvida, mas entendo que ainda não conseguiu mostrar a “face humana” de Dilma. Ela permanece com aquele ar da bedel arquetípica de escola. Olho para a cara dela e sempre penso que ela vai me cobrar a “carteirinha” — de porte obrigatório no colégio em que eu estudava. Duda sabia mitigar a agressividade petista e vender apenas seu lado amoroso. Mas Lula e o PT, claro, eram outros. Agora, o demiurgo, como diria Marx sobre Luis Bonaparte, “assume a sério o seu papel imperial, e sob a máscara napoleônica imagina ser o verdadeiro Napoleão (…), o bufão sério que não mais toma a história universal por uma comédia e sim a sua própria comédia pela história universal.” Concluo:
As oposições podem se preparar. Vem guerra suja por aí. Quem se dá o direito de mentir de maneira tão soberba e desavergonhada e de acusar o adversário de um grave crime que sabe que ele não cometeu será capaz de tudo numa campanha. Os petralhas certamente estão exultantes com o que viram. Gostam da idéia de seguir um líder que saiba insultar o adversário com a mesma desfaçatez com que eles insultam os seus próprios. Já disse aqui: bronco como é, Lula lhes dá a impressão de que entendem o mundo em que vivem. A parte rendida do jornalismo dirá que o programa foi bom, que teve “pegada”, que as mentiras elencadas são todas verdades irrefutáveis e que frio mesmo foi o programa do PSDB, que optou, afinal, por não atacar ninguém. Conhecemos essa gente. Querem saber? Se o PSDB fizer a coisa certa, o próprio PT lhe deu o caminho das pedras com o programa de ontem — de que gostei bastante, por razões certamente diferentes daquelas dos petralhas. Acho que Dilma exibiu com clareza os seus limites — ela fingindo mansidão soa subserviente; se não finge, só sabe ser autoritária —, e o PT disse o que pretende: dividir o Brasil e vencer a disputa incentivando o ódio, jogando brasileiros contra brasileiros, investindo no confronto. E o Brasil precisa de quem saiba e possa uni-lo. Não de mercadores do ódio. Querem saber? Eles têm método, sim, e são organizados. Mas também são mais primitivos do que imaginam.
Leia o texto original de Reinaldo Azevedo aqui
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