"Estudiosos" dizem
que partido e esquerda não têm outro representante para o pleito
Após a condenação do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de
prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o cenário das Eleições 2018
está incerto e provoca um vazio eleitoral especialmente para o PT.
Segundo
especialistas ouvidos pelo R7, sem a presença do político, o partido não tem
nomes representativos e fortes o suficiente para vencer o pleito.
Na avaliação do
cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais), o risco de o petista não poder se
candidatar em 2018 deixa o quadro “pouco favorável ao PT”.
— Não acho que
haja nenhuma liderança no quadro do PT que tenha viabilidade e que seja uma
aposta mais ou menos segura.
Segundo o doutor
em ciência política Guilherme Simões Reis, professor da UniRio (Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro), “não existe” alguém dentro do PT ou até
mesmo na esquerda com o apelo de Lula.
— Existem dois
cenários completamente diferentes com Lula e sem Lula. No campo da esquerda não
teria nenhum candidato natural. Acho difícil o PT ter um nome competitivo sem
Lula.
Mesmo se o TRF-4
(Tribunal Regional Federal da 4ª Região) ratificar a sentença do juiz federal
Sérgio Moro, isso não impediria que ele concorresse à Presidência em 2018.
Porém, se ele não conseguisse disputar as eleições, os estudiosos ouvidos pelo
R7 dizem que nenhum candidato do PT teria as mesmas chances que ele de ganhar.
O docente da
UFMG diz que, “mesmo que Lula não possa concorrer, é tranquilo que ele passa a
ter um efeito de transferir votos em grande medida”. Segundo ele, “vimos isso
acontecer duas vezes com a Dilma [Rousseff]”.
— A Dilma era a
pior candidata do mundo. No entanto, ganhou a primeira e a segunda eleição. Um
milagre do Lula.
O professor emérito
da UFMG diz que “alguma coisa parecida poderia se repetir” com alguns nomes
como o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT-CE) e o ex-prefeito de São Paulo
Fernando Haddad (PT-SP). Na quinta-feira, inclusive, o próprio Lula indicou que
Haddad ou os governadores de Estado do PT poderiam disputar
a eleição presidencial caso ele estivesse impedido.
Guilherme Simões
Reis concorda com os possíveis substitutos do ex-presidente citados pelo colega
e diz que outros nomes para concorrer às eleições no “lugar” de Lula como
candidato da esquerda seriam a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ou o
coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme
Boulos.
— O Celso Amorim
poderia ser um candidato mais competitivo, mas não a ponto de conseguir vencer
a eleição. Eu acho que ele tem uma imagem de seriedade e de não político. Seria
um candidato que não é muito conhecido e que passa uma imagem de moderação, ao
mesmo tempo, agradando a esquerda.
Porém, o
professor da UniRio diz acreditar que, mesmo com o apoio de Lula, “a
transferência de voto é sempre limitada” e “não é tão simples”.
Nesta semana, o
ex-presidente sofreu mais dois reveses. Na quarta-feira (19), o BC (Banco Central) bloqueou R$
606.727,12 das contas do petista. A decisão cumpriu uma ordem
feita por Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato em
primeira instância.
Depois, na
quinta-feira (20), Moro determinou o bloqueio de
mais R$ 9 milhões de planos de previdência privada do ex-presidente.
O dinheiro está em duas contas da BrasilPrev — uma em nome do próprio Lula e
outra no nome da LILS, a empresa usada pelo petista para dar palestras.
* Giorgia
Cavicchioli, no Portal.r7
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