segunda-feira, 3 de abril de 2017

Atitudes que nos envergonha.

Ao O Antagonista, a senadora Ana Amélia afirma que o rolo compressor em defesa dos corruptos está pronto para esmagar a Justiça. Veja os principais trechos da entrevista:
O Antagonista – É possível recuperar o objetivo inicial das Dez Medidas, o de combater a corrupção, e não o de endossá-la?
Ana Amélia – Vamos fazer a nossa parte. Temos um grupo de parlamentares que está lutando para isso. Já há, no Senado, um projeto do Ataídes Oliveira, que resgata o texto original. É evidente que teremos que trabalhar nisso, junto com o texto da Câmara.
O Antagonista – Dez Medidas desfiguradas, lei do abuso de autoridade, foro privilegiado, anistia ao caixa 2. O Congresso resolveu proteger os corruptos?
Ana Amélia – A sociedade tem uma percepção muito clara dessas manobras. O argumento é que elas servem para proteger as instituições, mas, na verdade, as enfraquecem. A anistia ao caixa 2 é um tapa na cara de todos. A lista fechada hoje une a oposição e o governo. É de arrepiar. O foro privilegiado é um desserviço às instituições. Mas os outros poderes também vivem dias de perplexidade. A Carne Fraca, por exemplo, revelou divergências agudas dentro da Polícia Federal.
O Antagonista – A mobilização popular foi chamada, pelo Deltan, de escudo da Lava Jato. A baixa adesão às manifestações do último domingo mostra que o escudo caiu?
Ana Amélia – Esse é o grande temor que tenho, como cidadã e como parlamentar. Não podemos fragilizar a Lava Jato. É por isso que eu defendo a necessidade de que o Ministério Público Federal, a Justiça e a Polícia Federal estejam unidos. Se a chama da mobilização morrer, estaremos num mato sem cachorro.
O Antagonista – Alguns leitores dizem que a Lava Jato precisa dar um sinal claro de vigor, como a condenação de Lula, para que continuem acreditando nela.
Ana Amélia – Não posso dizer por que o povo não está mais nas ruas. O que percebo é que a oposição também reacendeu sua capacidade de mobilização, com bandeiras como a resistência à reforma da previdência e trabalhista. Essas bandeiras neutralizaram o processo e, na rua, quem grita mais alto ganha.
O Antagonista – Tudo isso somado, a senhora acredita que o Congresso aprovará medidas que realmente combatem a corrupção?
Ana Amélia – Não é uma tarefa fácil. Sou realista sobre isso. Essa é uma Casa política, e as pessoas estão assumindo suas posições. A sociedade não pode esmorecer. Precisa continuar a defender a ética na política. Espero que o Brasil aprenda e não tenhamos um terceiro episódio de corrupção, depois do mensalão e do petrolão, que nos envergonhe.

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