O economista Raul Velloso diz que, por causa do legado
petista, o governo avança devagar, mas sabe o que deve ser feito.
Os 14 anos de governo petista destruíram os fundamentos da economia. Levará
tempo até que toda a bagunça seja arrumada. Por isso, o economista Raul Velloso
pede um pouco de paciência com o novo governo. “As pessoas se esquecem de que
há um processo político em curso”, diz, em entrevista a O Financista. Confira
os principais trechos da conversa:
O Financista: O projeto de
renegociação das dívidas dos Estados com a União acabou com uma única
contrapartida: um teto para o aumento de gastos pelo período de dois anos. Isso
é suficiente?
Raul Velloso: Essa medida
ajuda. Para a adoção de outras, é preciso esperar por um momento político mais
favorável. Pode ser que se encontre uma alternativa melhor.
O Financista: Por exemplo?
Velloso: Não sei, mas o governo
terá tempo para tratar disso.
O Financista: O senhor citou o
momento político. As medidas mais duras de ajuste ainda não foram levadas ao
Congresso por causa do impeachment?
Velloso: Sim. É o impeachment
que ainda não deixa o novo governo fazer nada. Eu não entendo por que as
pessoas estão tão impacientes. Elas querem que o governo faça tudo do jeito
delas, correndo, mas se esquecem de que há um processo político em curso.
O Financista: Com um teto de gastos
válido por apenas dois anos, sem outras contrapartidas, a União não terá de
socorrer novamente os Estados? Isso pode atrapalhar o ajuste fiscal?
Velloso: Tudo vai depender do
jeito como União e Estados vão financiar o déficit público, enquanto a
arrecadação não se recupera. A questão é que não há muito a ser feito. É
preciso esperar a volta do crescimento econômico e, portanto, da arrecadação.
O Financista: Tudo somado, o senhor
está otimista ou pessimista em relação às contas públicas?
Velloso: Otimista, estou
otimista! Veja: o novo governo já está fazendo o mínimo necessário, mesmo sem o
impeachment. O mais importante é que o PT está saindo do poder. O verdadeiro
desastre para a economia foram os anos de gestão petista, que deixaram uma
herança muito pesada. O governo que está entrando herdou tudo isso, mas dá
sinais de que sabe o que precisa ser feito. Ainda assim, vai levar tempo para
arrumar tudo.
*Entrevista a por Márcio
Juliboni
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