quarta-feira, 4 de maio de 2016

Em 1992, Lula e Mercadante pediram a Roberto Marinho ajuda da Globo no impeachment de Collor.


Nada como ter bons arquivos...Os canalhas mudam de opinião de acordo com os seus interesses.

Se o PT acredita que o brasileiro já não lembra de nada, a fundação Roberto Marinho mantém um memorial para ajudar a desmentir a narrativa petista. Em 1992, o partido não só não chamava o impeachment de Collor de golpe, como se aproximou da Rede Globo para buscar apoio ao processo. Na ocasião, Lula e Aloizio Mercadante foram juntos conversar com Roberto Marinho em pessoa.
No site do memorial, o encontro é narrado pelo jornalista Luís Erlanger:

“Lula marcou uma visita ao Dr. Roberto para pedir o apoio da Globo na campanha do impeachment de Collor. Eu era o editor-chefe na ocasião. Toca o telefone, era a dona Ligia, secretária, me passando o Dr. Roberto. ‘Eu tenho um encontro marcado com o Lula, e ele trouxe um companheiro. Então, também quero ter um companheiro meu.’ Dr. Roberto sempre se referia à gente como ‘companheiro, companheiro, companheiro’. Cheguei lá, estavam Lula, o então deputado Aloizio Mercadante e Dr. Roberto. Acabou o encontro, fizemos a foto. Eu liguei depois para o Dr. Roberto e disse: ‘É o primeiro encontro. A minha sugestão é que fosse um texto-legenda, aquela coisa clássica: ‘Esteve ontem, visitou, conversaram sobre conjuntura política e tal.’ Ele, primeiro, disse: ‘Tudo bem.’ Depois, me ligou de novo e disse: ‘Eu acho que só um texto-legenda, não, é pouco.’ Falei: ‘Tudo bem, Dr. Roberto. Mas de que forma? Uma matéria?’ E ele disse: ‘Conta tudo o que houve.”

A matéria sairia em 12 de setembro de 1992 com o título de “Lula e Roberto Marinho debatem a crise“. Mas o próprio Mercadante, em resposta a críticas de Fernando Gabeira, faria um relato à Folha de S.Paulo seis dias depois, sob o título de “O PT, ‘O Globo’ e muro da Dinda“.
Recorte de O Globo. Artigo de 18 de setembro de 1992 assinado por Aloizio Mercadante.
No texto, o então deputado defendia o, segundo ele, ótimo trabalho realizado por veículos como Globo, Veja, Estadão e Folha de S.Paulo, além de profissionais como Boris Casoy e, vejam só, Jô Soares.
Se o PT, hoje, insiste em chamar de golpe o mesmo processo que defendeu contra Collor, é porque sabe que não há chances de vencê-lo dentro das regras do jogo.

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