domingo, 28 de dezembro de 2014

Israel prima pela democracia.

Em decisão fechada, o Knesset – Parlamento de Israel, se negou a atender ao pedido do Presidente Barak Obama dos EUA para que Israel elogiasse publicamente o fim do embargo americano e o descongelamento das relações entre Washington e Havana.  
Young students carry a large Cuban flag, as they attend a parade through the streets of Gibara, Cuba. January 20, 2014. (photo credit: Moshe Shai/Flash90)
Jovens estudantes carregam uma grande bandeira cubana, em desfile pelas ruas de Gibara, em Cuba em 20 de janeiro de 2014. (foto: Flash90)
            Israel não aceitou o pedido americano de acolher e aprovar oficialmente o degelo nas relações EUA-Cuba bem como a suspensão do bloqueio à ditadura cubana.
            Na semana passada, Washington e Havana concordaram em trabalhar para acabar com cinco décadas de “inimizade mútua” e desconfiança. Os dois governos trocaram prisioneiros, incluindo Alan Gross, um judeu americano, e começaram a falar sobre o fim do embargo dos EUA de longa data sobre a nação insular.
            O movimento veio como uma surpresa em Washington – e também em Israel.
            A cada ano, a Assembleia Geral da ONU vota uma resolução instando os EUA a levantarem o embargo à Cuba. E a cada ano, incluindo a última em outubro desse ano, Israel é a única nação que tem votado com os EUA contra essas ‘resoluções’.
            Destarte, as autoridades israelenses foram pegas de surpresa com a dramática mudança da política em relação à ditadura cubana que fora anunciada sem que Tel Aviv fosse previamente notificada, informou ontem o Haaretz. "A Casa Branca sequer nos deram alguns minutos de advertência", disse um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores judaico ao jornal israelense.

Alan Gross, recently released by Cuban authorities, concludes his remarks with his wife Judy at a press conference in Washington, DC, shortly after arriving in the United States, December 17, 2014 (Win McNamee/Getty Images/AFP)
Alan Gross, recentemente liberado de longa prisão na ilha caribenha pela ditadura cubana, fez um discurso com sua esposa Judy numa conferência de imprensa em Washington, DC, pouco depois de chegar aos Estados Unidos, em 17 deste mês (AFP).
            A nova política para Cuba adotada pela administração Obama tem enfrentado críticas no Capitólio. Alguns dos críticos mais estridentes dessa política é a Senadora Republicana pela Flórida, nascida em Havana e naturalizada estadunidense, Ileana Ros-Lehtinen e que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado, juntamente com o senador Robert Menendez, ambos estando entre os defensores mais atuantes de Israel em Washington.
            Em vista da subitaniedade, quando as embaixadas dos EUA em todo o mundo pediram aos respectivos governos para que aprovassem a nova política, as autoridades israelenses se recusaram de modo peremptório.
            Ficou a sensação ruim de que o apoio solitário de Tel-Aviv ao bloqueio americano a Cuba, sequer mereceu uma justa advertência sobre essa reviravolta política, isso levando-se em conta que o estado sionista não tem o menor desejo e interesse de criar confrontos políticos com Washington, o que obrigou o governo de Israel a parar de responder ao insistente pedido americano. As relações exteriores de Tel Aviv com Hanana já tem seus próprios problemas independentes da política norte-americana vigente ou que irá vigorar.
            "Israel apoiou a política americana para Cuba em fóruns internacionais, no contexto da aliança estratégica entre os dois países, e por causa da linha crítica de Cuba em Israel nestes fóruns", o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Emmanuel Nahshon, disse à imprensa local que tão teve alternativa senão negar o pedido de Obama.
            Cuba unilateralmente cortou, em 1973, as relações com Israel, não devido a Guerra do Yom Kippur – como muitas vezes erradamente se menciona –, mas porque o então líder do país, Fidel Castro, buscava a presidência naquele ano do “Movimento dos Países Não Alinhados”.
            Desde então essas relações entre os dois países tiveram altos e baixos, mas na maior parte do tempo manteve-se extremamente deteriorada. Em 2010, por exemplo, Fidel Castro comparou o tratamento de Israel aos palestinos ao genocídio dos judeus pelos nazistas. "Parece que a suástica do Führer é bandeira hoje de Israel", afirmou o octogenário ditador.
            Neste ano, ele acusou Israel de "genocídio" em Gaza e condenou a chamada “Operação Proteção da Orla” de uma "nova forma repugnante de fascismo", o que torna o discurso de Castro irracional, uma vez que o fascismo não passa de uma forma nacionalista de socialismo, como o nazismo.
            Em 2010, no entanto, Fidel Castro, que tinha então sido substituído por seu irmão mais novo, Raul, disse à jornalista Jeffrey Goldberg, dos EUA, que Israel tem "sem dúvida" o direito de existir como um Estado judeu.
            Perguntado por Goldberg se Havana consideraria retomar relações diplomáticas com Tel Aviv, o senil Castro respondeu que “essas coisas levam tempo, mas não rejeitou a ideia de imediato”.
            Apesar de sua desconfiança inicial sobre a mudança de política americana, as autoridades em Jerusalém sugeriram uma mudança na política de Israel em relação a Havana e é provável que, gradualmente, siga o exemplo americano, principalmente se o regime cubano der mostras de que estará sendo mais tolerante com uma abertura democrática. Mas isso é coisa que pouca gente acredita que acontecerá.

Tradução livre de Francisco Vianna de matéria do jornal israelense The Times of Israel de hoje.

Nenhum comentário: