Os milionários estão rindo à toa com Dilma e Lula, inclusive o próprio Lula
Não gosto do foco obsessivo de muitos na questão da desigualdade, e por
motivo bem simples: o que importa é o nível absoluto de miséria, a qualidade de
vida dos mais pobres, não a relação entre eles e os mais ricos. Afinal, ao
contrário do que pregam os marxistas, economia não é jogo de soma zero, onde
João é rico porque Pedro é pobre. João e Pedro podem melhorar de vida juntos, o
que normalmente acontece sob o capitalismo de livre mercado.Dito isso, a desigualdade parece ser a prioridade para a esquerda,
especialmente para o PT. Incapaz de criar um ambiente propício ao crescimento
econômico, tendo produzido apenas um quadro de estagflação, o governo Dilma
apelou para a bandeira da redução da desigualdade, citada com ênfase ontem
mesmo, no debate da CNBB. Mas é mentira!
Como mostrou a excelente reportagem de Ana Clara
Costa na Veja nesta terça, o que aumentou nos últimos anos foi a concentração
de renda! É mais um mito – um fundamental mito para a campanha petista – que
vem abaixo. Eis o que mostra a estatística do Ipea, que ninguém dirá trabalhar
contra os interesses do governo, tanto que esconde o resultado:
Está engavetado no Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) um estudo inédito que mostra uma realidade bem
diferente da que vem sendo pregada pelo PT na campanha eleitoral de Dilma
Rousseff. O documento, ao qual o site de VEJA teve acesso, mostra que a
concentração de renda aumentou no Brasil entre 2006 e 2012. Dados do Imposto de
Renda dos brasileiros coletados por pesquisadores do Instituto mostram que os
5% mais ricos do país detinham, em 2012, 44% da renda. Em 2006, esse porcentual
era de 40%. Os brasileiros que fazem parte da seleta parcela do 1% mais rico
também viram sua fatia aumentar: passou de 22,5% da renda em 2006 para 25% em
2012. O mesmo ocorreu para o porcentual de 0,1% da população mais rica, que se
apropriava de 9% da renda total do país em 2006 e, em 2012, de 11%. Os
dados referentes a 2012 correspondem aos mais recentes apurados pela Receita
Federal.
[...] A principal conclusão do estudo é que a concentração de
renda entre a parcela mais endinheirada, segundo os dados tributários, é
muito superior àquela verificada nos dados revelados pelos brasileiros ao
recenseadores do IBGE, sem que haja qualquer tendência de queda. Entre 2006 e
2008, por exemplo, ano em que as políticas de transferência do governo eram
alardeadas por Lula, houve o maior aumento de concentração de renda
na fatia de 1% mais ricos. O mesmo salto ocorreu entre 2010 e 2011.
[...] Os dados do Ipea são significativos porque contrastam
com a retórica de antagonismo à elite e aos bancos exibida pelo PT durante a
propaganda eleitoral. Num Brasil onde os ricos ficaram mais ricos, o discurso
do partido mostra-se artificial. Há cerca de duas semanas, ao ver sua
candidatura ameaçada pela ex-senadora Marina Silva (PSB), que havia disparado
nas pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff vem lançando mão
de ataques à rival. Sua estratégia preferida tem sido dizer que, se Marina
ganhar, dará independência ao Banco Central — o que, na cartilha petista,
significa entregar o país a banqueiros que,
segundo imagens exibidas na TV, tirarão não só os empregos dos brasileiros,
como também a comida de suas mesas.
Ao tratar os
tais 1% dos mais ricos como um grupo estanque, esses economistas seguidores de
Thomas Piketty cometem um grave erro. Pode haver mobilidade nas camadas dos
mais ricos, nomes tradicionais podem sair com o tempo, e raramente lembramos de
famílias abastadas que permanecem nessa situação por várias gerações.
Quanto mais
liberdade econômica, mais verdade há na máxima “avô rico, filho nobre e neto
pobre”. Não é fácil manter a herança em um mundo competitivo. Sem investir na
competitividade, novos concorrentes logo desbancam impérios estabelecidos. Mas
é bem mais fácil mantê-la ou expandi-la em um ambiente de capitalismo de estado
ou de laços, análogo ao feudalismo.
Em simbiose
com o estado, esses grandes grupos conseguem erguer barreiras que dificultam a
competição e garantem seus privilégios. É exatamente o que o PT vem fazendo.
Subsídios do BNDES, barreiras protecionistas, isenções pontuais, seleção de
“campeões nacionais”, tudo isso leva ao aumento da concentração de renda, e da
pior forma possível, pois não há meritocracia. É a “amizade com o rei” que vale
mais. Por que outro motivo o grupo JBS doaria mais de R$ 100 milhões para as
campanhas?
O BNDES
talvez seja o maior instrumento de concentração de renda do Brasil, e ele
aumentou muito de escopo durante a gestão do PT, chegando a desembolsos anuais
na casa dos R$ 200 bilhões. Aécio Neves já declarou: se vencer, acaba o “Bolsa
Empresário”. É esse o caminho se quisermos retirar os entraves para o livre
funcionamento da economia, para que possa prevalecer a meritocracia, a justa
remuneração pela eficiência.
O PT de
Dilma não foi capaz de produzir mais riqueza, apenas muita corrupção, mais
inflação e, agora sabemos, mais concentração de riqueza também. Não resta mais
bandeira alguma ao partido. Apenas as mentiras…
* Texto por Rodrigo Constantino
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