Que o regime chavezista sempre mexeu com o tráfico de drogas e sempre
foi parceiro das FARC colombiana, todo mundo já sabe, mas se ainda restava
alguma dúvida, a prisão do principal general reformado do “socialismo
bolivariano”, Hugo Carvajal, ex-diretor da Inteligência Militar do regime de
Hugo Chávez Frías e um dos homens mais temidos da Venezuela, na tarde de quarta
feira última no Aeroporto Internacional Rainha Beatriz, em Aruba, acabou por
deitar certeza desse conluio do politiburo bolivariano com o narcotráfico.
Incluído na lista negra do Departamento do Tesouro dos EUA, em 2008, por
sua suposta parceria com o narcotráfico das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (FARC), Carvajal foi posto sob custódia da polícia da ilha ao
desembarcar de um avião privado. A prisão foi feita a pedido das autoridades
estadunidenses e pela INTERPOL, que deverá enviá-lo devidamente algemado para
os EUA o mais depressa possível.
De acordo com as fontes consultadas, Carvajal é um ‘pássaro’ que todos
querem ouvir “cantar”, pois era uma das engrenagens mais importantes da
participação do exército venezuelano no narcotráfico e, por extensão, do mais
alto escalão do círculo próximo a Hugo Chávez e Maduro e toda a cúpula
governista bolivariana. “Trata-se de um Pablo Escobar vivo e pode-se dizer que
é a joia da coroa da associação espúria de governos com o narcotráfico
sulamericano”, disse uma dessas fontes em caráter de anonimato. “Trata-se do
homem que controla os movimentos (do narcotráfico) em todas as fases de sua
operação, desde a produção até a entrega da droga e a lavagem do dinheiro
obtido com sua venda ilegal, ou seja, que tem o controle de todo o processo”,
acrescentou a fonte.
Todavia, o traslado de Carvajal para os EUA poderá demorar, em função
dos esforços legais levados adiante pelo regime do Nicolás Maduro, que para
impedir isso. Acredita-se, por outro lado, que Maduro está também
envolvido nessa atividade criminosa até o pescoço e, por isso, já enviou uma
equipe especial a Aruba com a finalidade de conseguir a libertação do general
traficante”.
De Caracas, o regime bolivariano manifestou sua recusa à detenção do
general-traficante, conhecido na Venezuela pelo apelido de “o Galo Carvajal”.
O Ministério das Relações Exteriores do Palácio Miraflores expediu um
comunicado pelo qual afirmava que “a Venezuela repele energicamente a prisão
ilegal e arbitrária do funcionário diplomático venezuelano, ocorrida na ilha de
Aruba, portador de passaporte que o assevera como tal em nome de Hugo Armando
Carvajal Barrios, por parte das autoridades holandesas”. E segue dizendo que a
“Venezuela faz uma reivindicação firme junto ao Reino dos Países Baixos (a que
pertence a ilha de Aruba) para que seja retificado este fato injusto
e improcedente, no sentido das autoridades dessa ilha vizinha procedam a
imediata soltura desse funcionário diplomata do governo venezuelano”.
Essa detenção aconteceu poucos dias após o ex-juiz venezuelano
aposentado Benny Palmeri-Bacchi ter sido preso no Aeroporto Internacional de
Miami, quando se dispunha a levar sua família para gozar férias de suas semanas
no resort de Disney World, no “império”. Palmeri-Bacchi e o ex-diretor da
INTERPOL na Venezuela, Rodolfo McTurk, são acusados de ajudar a
transportar através do país milhares de quilos de cocaína destinados aos
Estados Unidos.
Palmeri-Bacchi comparece una quinta feira perante um juiz federal de
Miami e se declarou inocente. As autoridades acreditam que McTurk permanece na
Venezuela.
Por sua vez, os promotores de Miami disseram que os casos contra Palmeri-Bacchi,
Mc Turck e Carvajal são os primeiros que vinculam funcionários do primeiro
escalão do chavezismo ao narcotráfico sulamericano.
Carvajal, que foi chefe do Estado Maior da Inteligência Militar entre
2004 e 2009, tinha sido nomeado cônsul da Venezuela em Aruba em janeiro último,
mas as fontes disseram que o general de pijamas chegou à Aruba com um
passaporte falso. Quando percebeu que estava sendo preso, Carvajal tratou de
safar-se do problema entregando o passaporte diplomático verdadeiro que tinha em
seu poder e negando que o primeiro que havia apresentado era seu, mesmo
contendo sua foto e sua assinatura. De qualquer maneira, o general foi levado
sob a custódia das autoridades policiais da ilha e lhe confiscaram ambos os
passaportes.
Carvajal era um homem do círculo íntimo de Hugo Chávez e agora enfrenta
vários processos judiciais que correm paralelamente e por diversas jurisdições
legais estadunidenses, incluindo esse agora do Tribunal Federal de Miami.
Segundo esse caso de Miami, Carvajal e “outros militares e funcionários
venezuelanos de alto escalão”, davam cobertura às operações do narcotraficante
colombiano Wilber Arilio Varela Fajardo, também conhecido como “Sabão”, antes
de este aparecer morto na cidade venezuelana de Mérida, em 2008.
A acusação levantada contra Carvajal assinala que este e outros
funcionários do regime bolivariano davam assistência a Varela ao permitir que
sua organização criminosa exportasse tranquilamente grandes quantidades de
cocaína da Venezuela, protegendo o bando de ser capturado e enviando informação
sobre as atividades das forças armadas e das organizações policiais, sempre que
necessário.
A acusação diz ainda que “após a morte de Varela, integrantes de seu
grupo continuaram pagando a Hugo Carvajal Barrios, aliás “Galo”, e a outros
militares e funcionários dos corpos de segurança venezuelanos de alto escalão
para que continuassem dando a necessária assistência a eles em suas
atividades de narcotráfico”. O documento do Tribunal de Miami, também imputa a
Carvajal a venda de “centenas de quilos de cocaína pura aos integrantes da
organização de Varela e que este pode ter sido morto como uma queima de
arquivo”.
O general da reserva foi indiciado publicamente em 2010 pelo suposta
associação com o narcotraficante venezuelano Walid Makled, que numa entrevista
concedida à cadeia de TV ‘Univisión’ declarou que Carvajal formava parte de sua
folha de pagamentos. Nessa entrevista, Makled garantiu que a participação das
autoridades venezuelanas nas remessas de drogas é total. “É de 100 por cento,
mano... Claro, porque é território venezuelano […] em San Fernando de Apure e
de lá sai, diariamente, cinco ou seis aviões carregados com cocaína para
Honduras, de Honduras para o México, e finalmente do México para os EUA”.
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