segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ex-secretário operava esquema com senador e governador de MT, diz PF.

Éder Moraes, Blairo Maggi e Silval Barbosa são investigados pela PF. Ex-titular da pasta da Fazenda está preso em Brasília desde o dia 20.

Por: Carolina Holland - Do G1 MT

(Foto: Edson Rodrigues/Secom-MTO ex-secretário da Casa Civil, da Fazenda e da Copa de Mato Grosso, Éder Moraes (PMDB), foi o principal operador do esquema de empréstimos fraudulentos com instituições financeiras investigado pela Polícia Federaldurante a operação “Ararath”. As operações financeiras teriam ocorrido com o aval, conhecimento e no interesse do então governador do estado e atual senador Blairo Maggi (PR), e com a autorização do governador do estado Silval Barbosa, que na época era vice de Maggi.;
As informações constam do inquérito que tramita na 5ª Vara Federal em Mato Grosso.O advogado de Moraes não atendeu as ligações do G1. Já Ulisses Rabaneda, que defende Barbosa, disse que não vai comentar o caso enquanto não tiver acesso à íntegra do processo. Já Maggi afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que desconhece quaisquer operações financeiras ilegais.
Segundo as investigações, o ex-secretário de estado intermediava empréstimos feitos pelo Bic Banco (Banco Industrial e Comercial S/A) a empresas como a Comercial Amazônia de Petróleo Ltda (Amazônia Petróleo), de propriedade de Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, também apontado como peça chave do esquema de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros na mira da PF. Para isso, Moraes contava com o apoio de Luis Carlos Cuzziol, superintendente do Bic Banco em Mato Grosso
O ex-secretário Éder Moraes e o deputado estadual José Riva algemados após prisão durante a operação Ararath. (Foto: Reprodução / TVCA)
Éder e Riva foram presos em Cuiabá e levados
para Brasília. (Foto: Reprodução / TVCA)
De acordo com o inqérito da PF, Mendonça declarou que fez tantas operações que não saberia dizer de quem exatamente era a dívida, mas saberia que é do grupo formado por Moraes, Maggi e Silval, e que o esse grupo fazia o pagamento ao empresário por meio de transferências bancárias originárias de contas de empresas - geralmente construtoras.
Bic Banco
Júnior Mendonça, que atuou como colaborador premiado da PF, disse durante as investigações que os empréstimos começaram a ser feitos pelo Bic Banco por sugestão de Moraes e que o dinheiro deveria ser repassado diretamente para o ex-secretário. Segundo Mendonça, os encontros com o Éder ocorriam, em média, uma ou duas vezes por mês, por telefone, ou até mesmo dentro do gabinete dele na Sefaz - Éder era titular da pasta da Fazenda.

“As fraudes (…) só se materializaram em razão das ações praticadas por Éder de Moraes Dias, que desempenhou o papel de principal operador de praticamente todos os esquemas identificados na investigação(…). Foi ele, também, quem planejou e viabilizou, perante o Bic Banco, com a indispensável colaboração de Luis Carlos Cuzziol, a concessão dos empréstimos simulados, em nome da Amazônia Petróleo (e de outras empresas, conforme indícios que vieram a lume, após as buscas em sua residência)”, diz trecho do inquérito.
Operação Ararath (Foto: G1.com.br)
G1 não conseguiu entrar em contato com o advogado de Luis Carlos Cuzziol.
Maggi e Silval
Entre outubro de 2009 e dezembro de 2010, segundo a PF, foram concedidos pelo menos R$ 12 milhões em empréstimos fraudulentos para a Amazônia Petróleo. No inquérito, Júnior Mendonça afirma que estranhou a facilidade nas operações de empréstimos porque não foi exigida garantia real e porque a Amazônia Petróleo, na época, tinha apenas dois anos de funcionamento.

Ao questionar Cuzziol a respeito dessas facilidades, Mendonça contou que o superintendente respondeu ter recebido orientação do presidente do Bic Banco para que, a pedido de Maggi, "atendesse a todas as necessidades financeiras de Éder Moraes".
O início da relação "institucional" do estado com o Bic Banco teria ocorrido quando Éder Moraes ainda era diretor presidente da MT Fomento (Agência de Fomento do Estado), e "atendeu mais aos interesses particulares do grupo político para quem Éder operava, que ao interesse coletivo - como deveria ser", apontam as investigações.

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