terça-feira, 5 de novembro de 2013

Obama tenta "cozinhar" Israel em banho maria.


O KNESSET DIZ QUE OBAMA TERGIVERSA QUANDO SE TRATA DA OPÇÃO MILITAR CONTRA O IRÃ. ETZACHI HANEGBI, UM CONFIDENTE DE NETANYAHU QUE COSTUMAVA SER MINISTRO PARA ASSUNTOS NUCLEARES, DIZ QUE ISRAEL NÃO SE CONFORMA COM UM ACORDO QUE PERMITA QUE AS CENTRÍFUGAS IRANIANAS CONTINUEM GIRANDO.
F091207MA03-e1383486380295-635x357.jpg
Tzachi Hanegbi (à direita) e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu participam de uma reunião do comitê no Knesset (Parlamento de Israel). (FLASH90 )
“Os líderes dos EUA, até e incluindo o presidente Barack Obama, estão apenas tentando cozinhar Israel em banho-maria quando falam da opção militar contra o Irã”, disse Tzachi Hanegbi, um dos principais membros do partido Likud (União) no Knesset (Parlamento israelense), que é um dos confidentes mais próximos do Primeiro Ministro Benjamin Nentayahu.
Quando Netanyahu ameaça do uso da força no caso de tudo o mais vier a falhar para parar a bomba atômica do Irã, disse Hanegbi, “ele não está fazendo ameaças vazias", e a coisa é para valer, mesmo. Contrastadamente, "quando o orador é o [Secretário de Estado] Kerry ou o porta-voz da Casa Branca, ou até mesmo o presidente Obama e outros, vê-se que eles estão apenas tergiversando e tentando cozinhar Israel em banho-maria”.
“Os norte-americanos estão cheios de ‘boas intenções’, têm sistemas militares preparados e empregados para atacar as usinas nucleares persas, e é claro que Obama compreende que modo como o programa nuclear ilegal e não autorizado do Irã será tratado pelo seu governo será fundamental para o seu legado”, disse Hanegbi à imprensa israelense. No entanto, segundo ele, não demonstra que os EUA exibirão a firmeza necessária nas negociações com os iranianos.
Hanegbi, de 56 anos, que ocupa a chefia da poderosa Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, serviu no passado como presidente da referida comissão e Ministro da Inteligência e Assuntos Nucleares. Numa extensa entrevista em seu escritório no Knesset, na semana passada, durante a qual ele observou que "estava muito perto de Netanyahu", disse que não tinha dúvidas de que, se tudo o mais falhar, Israel é militarmente capaz de detonar o programa nuclear iraniano, e que ninguém crível "duvida dessa capacidade de Israel" em fazê-lo.
8637756953_21d0baf6e1_b-e1383003907488-635x357.jpg
Barack Obama, à esquerda, e Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.
Ele lucubra: "As pessoas têm dúvidas quanto ao resultado [da intervenção militar israelense], quanto tempo [seus efeitos] ela vai durar, e qual será a resposta do Irã... Há muitas variáveis ​​e incógnitas que eu não posso prever ou... [Mas] Nenhuma destas considerações é poderosa o suficiente para me dispor a viver sob a ameaça de um Irã nuclear... O peso de todas estas considerações, em conjunto, e de todos os possíveis desdobramentos negativos, não chega nem perto [do custo] de aceitarmos o Irã como uma potência nuclear".
Questionado várias vezes se achava que tinha chegado o momento de atacar, Hanegbi foi polidamente evasivo. "Há coisas que as pessoas podem pensar, mas não devem dizer em voz alta", disse ele para, em seguida, acrescentar: "Tenho a sorte de não ser eu a ter que tomar essa decisão".
Disse que os iranianos "geralmente acreditam que é a América o seu maior problema, e não Israel... Eles subestimam Israel e não acreditam que temos tal poder, tal coragem ou tal capacidade" para enfrentá-los. Na verdade, porém, disse Hanegbi, "nada impedirá Netanyahu de fazer o que ele acredita que está certo. E ele considera que esta é a maior missão histórica que lhe foi dada... Ou seja, impedir que o Irã de se tornar uma potência militar nuclear".
Referindo-se aos relatos de que o Primeiro Ministro quisera ter atacado o Irã no passado recente, Hanegbi disse que nada poderia tê-lo impedido – nem a pressão dos EUA, dos chefes da segurança de Israel, ou de qualquer outra origem. "Caso ele tivesse achado que a ação militar era fundamental na época, ele teria agido. Ele, todavia, decidiu não fazê-lo porque muito provavelmente havia grandes vantagens em esperar até que Israel chegue o mais perto possível de seus limites de tolerância, tornando a medida mandatória para defesa própria do estado sionista", disse Hanegbi.
Hanegbi, com 56 anos, e um longo tempo de militância política no Likud no Knesset, acabou deixando esse partido para se juntar ao partido Kadima e depois voltar ao Likud antes das eleições de janeiro último, quando reconheceu que Israel não tem os meios para impedir um acordo através das negociações lideradas pelos EUA com Teerã que resulte no levantamento parcial ou total das sanções impostas pela ONU ao Irã sem que se impeça que as centrífugas de Qom e Natanz continuem enriquecendo urânio. A mensagem que Israel está enviando ao mundo, disse ele, é a que deixa claro que o Estado Judeu não poderá de aceitar um arranjo desses.
O novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, "está a tentar desfazer o dano causado pelo seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, ao longo dos últimos oito anos, e criar um tipo de abertura, de tentativa de diálogo e aproximação com o Ocidente. Tudo isso tem um propósito, declarado por ele – ou seja, remover as sanções sem que as centrífugas parem de funcionar", disse Hanegbi. "Israel não tem como impedir o Irã de atingir esses objetivos na mesa de negociação, e está apenas tentando deixar claro que a pretensão persa é inaceitável ​​para nós".
Mideast-Iran_Horo1-e1375603781591-305x172.jpg
O presidente retirante, Mahmoud Ahmadinejad, à esquerda, entrega o selo oficial de aprovação do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, ao centro, para dá-lo ao presidente Hassan Rouhani, à direita, numa cerimônia oficial de endosso ao novo Presidente, em Teerã, no Irã, em 3 de agosto de 2013.

Hanegbi disse que estava certo de que a vitória eleitoral de Rouhani em junho foi uma surpresa para o Líder Supremo Ayatolah Khamenei. "Khamenei optou por respeitar a decisão das urnas, mas assumiu que esperava o vencedor vindo de um dos candidatos mais próximo da sua abordagem", disse ele. Mas Khamenei preferiu não intervir nos resultados da eleição, porque ele e o regime "reconheceram que havia algum potencial construtivo na eleição de Rouhani, desde que ele permanecesse leal às posições centrais adotadas pela república islâmica".
Os líderes do Irã "sabem como intervir em eleições, quando querem", disse Hanegbi secamente. "Evidentemente, eles acabaram decidindo que o preço de uma intervenção nas decisões das urnas não valia a pena ser pago, para que as coisas funcionassem. Embora o plano inicial não tenha dado certo, eles reconheceram que este também foi um resultado positivo e que permitiu que Rouhani levasse adiante o que chamamos ser a sua “ofensiva de charme”. Eles veem que isso é eficaz, de modo que estão certamente felizes em respaldá-la".
*FRANCISCO VIANNA (da mídia internacional)

Nenhum comentário: