quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amazônia, foco de miséria e paranóias ecológicas.

Pior ameaça na Amazônia é miséria, indica estudo
Por Jamil Chade, no Estadão:
É a miséria, e não falta de tropas ou de um novo sistema de radares,  que está transformando a Amazônia em uma das principais rotas do tráfico  internacional de armas e drogas no mundo. A constatação é do Instituto  Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), sigla em inglês.
Para a entidade, o projeto do governo brasileiro de investir R$ 10  bilhões para proteger as fronteiras amazônicas do País tem grande chance  de fracassar enquanto a pobreza não for erradicada nas comunidades que  vivem na região. Segundo os especialistas, apesar da “paranoia”  brasileira sobre o risco de uma suposta invasão da região por potências  estrangeiras, a realidade é que o Brasil abandonou a Amazônia,  militarmente e principalmente socialmente.
O IISS é um dos principais centros de estudos sobre estratégia no  mundo, com sede em Londres, e acaba de publicar um novo levantamento  sobre a situação das fronteiras no Brasil. Segundo o estudo, a  Estratégia Nacional de Defesa de 2008 foi “incapaz” de conter o tráfico  de armas e drogas na Amazônia e acusa o País de ainda ter uma avaliação  estratégica “ultrapassada” sobre os riscos que a região enfrenta.  Enquanto o Brasil insiste que o maior perigo é a invasão da Amazônia por  outro governo, a realidade é que a floresta já está sendo ocupada por  “grupos armados ilegais”.
Rota. Os especialistas afirmam que, apesar dos esforços brasileiros  nos últimos anos, a Amazônia passou a ser rota do tráfico internacional,  mantendo uma relação direta com a violência nas favelas do Rio de  Janeiro e de São Paulo e um caminho cada vez mais frequente para a droga  que sai da Bolívia e do Peru.
Parte da inclusão da Amazônia na rota ocorreu pela mudança no padrão  de demanda mundial. Houve queda no consumo americano, mas na Europa o  volume explodiu em uma década.
Existem ainda fatores locais que explicam a nova tendência. Um deles é  o “sucesso do governo da Colômbia na luta contra as Farc, que forçou o  grupo a cruzar a fronteira com o Brasil”. O estudo cita uma série de  reportagens do Estado nesse sentido.

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