quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Imprensa:Duas faces de uma mesma moeda

Inicio buscando o meu próprio questionamento do porque de duas faces e não dois lados de uma mesma moeda.
Mas o que me vem, de fato, é uma questão de caráter, daí, assim, de repente, o sentido da face. Ou da “cara” como falamos no nordeste.
Hoje, dirigindo-me a casa, após ministrar uma palestra para técnicos contábeis, ouvi uma emissora de rádio de Alagoas. Pertencente a membros da família de um Senador da República , a emissora apresenta um programa de noticias e entrevistas locais. O apresentador, inteligente e perspicaz, discorria sobre sua opinião a respeito da validade da “lei da ficha limpa” ainda este ano, e dizia: ..."não se concebe a validade desta lei ainda este ano. É como mudar a regra do jogo com o jogo em andamento”...
Achei interessante e me questionei sobre a possibilidade de a lei ferir a constituição. Mas ocorre que a dita lei não se atém ao processo eleitoral. Não muda regras de forma de votação, apuração de votos, coeficiente eleitoral, outros procedimentos que caracterizam o processo eleitoral. Se assim fosse, a lei não poderia, por principio, ter sua vigência imediata.
A lei traz normas relacionadas aos pré-requisitos necessários para que o cidadão possa ser candidato, enfim, ter o direito de ser votado. O pré-requisito não faz parte do processo. Apenas torna apto ou não o cidadão dele participar.
Mas o locutor fez questão de alongar seu discurso e a defender, com argumentos diversos, inclusive lendo trechos de pareceres e artigos encomendados, favoráveis a não vigência do “ficha limpa” de imediato.
Mas, de pronto, notei que tal emissora defende um candidato ao governo do Estado, já julgado por improbidade e crime eleitoral, pertendente a coligação do senador patrão.
Esta é a face da imprensa, que defende, veementemente, alguém “ficha suja” no governo.
Mudei de emissora e passei a ouvir outra emissora vinculada a outro Senador da República, cujo cunhado é candidato ao governo do Estado.
Nesta o noticiário dava conta de que um movimento nacional, pela ética na política, torcia pelo referendo do supremo a imediata vigência da Lei da “ficha limpa”.
O posicionamento do locutor, durante o programa, e minutos depois no noticiário do horário, versava sobre o mesmo assunto, sempre a favor da vigência imediata da lei.
Ao chegar em casa lancei mão de dois jornais pertencentes a esses mesmos grupos e em cada um deles uma série de artigos e reportagens diferentes versando sobre o mesmo tema, sempre com posições antagônicas, ao gosto dos seus “mentores”, para não dizer chefes ou patrões.
Uma valiosa e gloriosa profissão, uma moeda de valor imensurável, com duas faces diferentes.
Estas são duas faces de uma certa imprensa. Uma contra e outra a favor, sempre ao dispor das “convicções” e tendências de quem paga os salários, jetons,etc.
Não quero adentrar no mérito ou fazer críticas, mas de uma coisa tenho quase certeza: Se Lula inventar uma “Bolsa imprensa” e estipular um valor considerável para cada jornalista ou radialista brasileiro, não precisará instituir censura.
Afinal, quantos profissionais de imprensa desdenharão de tal regalo? Nem todos aceitarão, é certo! Restarão aqueles, “os sem bolsa”, que militarão valentemente nos jornais, rádios e emissoras de TV sem os auspícios de governos “democratas” à moda Luiz Inácio.

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